PSTU-SP

Nas últimas semanas aumentou significativamente o número de ameaças e de atentados contra escolas. Essa onda de violência que já vinha crescendo desde a pandemia, teve um pico após o ataque contra a Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, e contra a creche em Blumenau.

Diante desse cenário, governos e parlamentares defendem o aumento da violência do Estado e que se coloquem policiais armados nas escolas. Essa forma de lidar com a questão não resolve o problema e vai acabar gerando um aumento da violência policial contra jovens, em especial os negros, e fazer crescer a evasão escolar.

Assembleia de escola discutiu o tema e decidiu se organizar

Diante desta situação, muitas escolas estão tendo iniciativas importantes. Um exemplo foi a reunião realizada numa escola da Zona Norte de São Paulo, que resolveu romper com o medo e enfrentar esse problema de frente, se auto-organizando para se defender.

Na manhã da última sexta-feira (14/04) as mães, pais, professores, estudantes e funcionários da escola se reuniram em assembleia para discutir o problema e as medidas para enfrentá-lo.

Segundo a professora Flávia, que estava presente “foi um momento muito importante. Os pais, estudantes e toda a comunidade escolar estavam bem preocupados com as ameaças que estamos sofrendo. Discutimos sobre como ideologias que oprimem, como o racismo, o machismo, a xenofobia e a LGBTIfobia estão na raiz desse problema e como os grupos neonazistas se aproveitam disso para impulsionar a violência e o pânico. E decidimos nos organizar para enfrentar, além de cobrar dos governos mais investimento na educação,  contratação de funcionários e estrutura nas escolas”.

Ainda segundo Flávia, “a maioria das mães e estudantes se posicionaram contra colocar polícia na escola e relataram os casos de violência policial que seus filhos já sofrem no próprio bairro. Decidiu-se formar um comitê contra a violência na escola, com mães, pais, funcionários e estudantes e fazer uma passeata ao redor da escola no dia 20 como forma de luta. A assembleia teve um tom de ação coletiva contra o medo e de botar pra correr essas organizações de extrema direita que impulsionam esse tipo de ataque”.

Auto-organização  da comunidade escolar

O exemplo dessa escola pode e deve ser tomado em todo país. Não podemos ceder ao medo e nem confiar que a polícia resolverá nosso problema. A própria comunidade escolar organizada, discutindo o problema, encontrará a melhor forma de enfrenta-lo.

O primeiro passo é justamente reunir toda a comunidade em assembleia para discutir o problema e suas raízes. Isso é muito importante, pois o atual secretário da educação de São Paulo, Renato Feder, não está democratizando o debate e segue menosprezando os casos como meras “fatalidades”. Sem debate e organização, as escolas ficam ainda mais vulneráveis ao medo e às fake news.

As ideologias opressivas (como o machismo, o racismo e a LGBTIfobia) dão a base para a disseminação do ódio que provoca esses ataques. Ao mesmo tempo, os grupos de extrema direita alimentam esse ódio e organizam jovens para ataques desse tipo.

A partir do debate é importante eleger pessoas de todos os segmentos da comunidade escolar para se manterem organizados, acompanhando a rotina da escola chamando a mobilização diante de qualquer problema.

Em 20 de abril, que é a data em que ocorreu o massacre em uma escola de Columbine, nos EUA, e que por isso estão acontecendo várias ameaças para este dia, as escolas do país inteiro podem realizar atos simbólicos ou paralisações contra a violência e os ataques.

Enfrentar o medo com auto-organização é a melhor forma de reagir diante dessa onda de violência.