No dia 5 de agosto, o presidente Lula se reuniu com diversas entidades patronais para discutir a blindagem da economia do país diante da atual crise. Lula se reuniu com as confederações patronais pela manhã e com grandes empresários à tarde, com o objetivo de estabelecer medidas para que a crise política não afete a economia. Para isso, os empresários pediram a Lula um aumento no superávit primário ainda em 2005.
Para pagar os juros da dívida aos banqueiros internacionais, o governo já economizou bastante neste ano, cortando verbas no Orçamento que seriam destinadas à educação, reforma agrária e reajustes salariais. A meta para 2005 era de 4,25% do PIB, mas Lula já aplica um aperto ainda maior para beneficiar o grande capital, pois já economizou, entre janeiro e junho deste ano, 6,43% do PIB. Na reunião, os patrões disseram que isso ainda não é sificiente e que querem mais arrocho, às custas de mais cortes no Orçamento. Lula, obviamente, não discorda e mostra para quem está governando.
Outro assunto relacionado a isso foi o debate sobre a proposta de déficit nominal zero, apresentada pelo deputado Delfim Netto. A Proposta de Emenda Constitucional significa aumentar ainda mais o superávit primário através de mais cortes de gastos sociais, para reduzir o déficit nominal de forma a zerá-lo num prazo de 4 a 5 anos. O superávit nominal é a diferença entre a arrecadação menos os gastos do governo, incluídos os gastos com a dívida. Para zerar o déficit nominal, o governo terá que garantir um superávit primário de 7 a 8% do PIB.
As entidades patronais também reivindicaram uma aceleração na regulamentação das Parcerias Público-Privadas. De acordo com o projeto das PPPs, aprovado em 2004, obras de empreendimento em infra-estrutura podem ser realizadas por empresas privadas que receberão dinheiro público para realizá-las. Seus lucros serão garantidos pelo Estado, sendo que, para isso, o governo pode vincular suas receitas tributárias a esse pagamento ou ainda vender os próprios bens da União. Além disso, por ser uma forma de repassar dinheiro público para empresas privadas, as PPPs podem se tornar uma grande fonte de corrupção.
Sobre todos os temas debatidos nas reuniões, Armando Monteiro, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), disse que não há novidade nenhuma nas propostas apresentadas ao governo, já que esta já é a política aplicada. “Não há projeto novo nem exótico“, afirmou o empresário.
Lula garantiu aos empresários e confederações nas duas reuniões que a crise política não atingirá o governo ou a economia e que, portanto, não colocará em risco os negócios dos mais poderosos deste país. Lula disse que a economia “é um patrimônio a ser preservado“. Essas discussões com o grande empresariado nacional apenas reforçam que Lula governa claramente a favor dos poderosos e contra os trabalhadores. Com os escândalos de corrupção, a receita de Lula para sair ileso é posar para fotos ao lado de operários, fingir que a lama não lhe atinge e reafirmar seus compromissos com o grande capital.