Carlos Moisés (PSL) quer suspender as tímidas ações até o momento adotadas para combater o coronavírus
Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

Frente à pandemia do coronavírus, o governo estadual ecoa o discurso de Bolsonaro, cede às pressões dos empresários e quer que a juventude trabalhadora e operária pague pela crise

Mariah Madeira e Leonardo Medeiros, do Rebeldia – Santa Catarina

Na última quinta-feira, dia 26, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), anunciou medidas para retomada das atividades econômicas em meio a pandemia de coronavírus. Em forma de um plano de ação, estabelece os serviços que voltarão a funcionar, a partir do dia 1º de abril. Bem queríamos que fosse mentira, mas não é!

Moisés governa pros grandes empresários e vai botar nossa vida em risco, em prol do lucro, ecoando a política de Jair Bolsonaro. As medidas antes adotadas pelo governo estadual já eram insuficientes, pois deixavam desprotegidos setores fundamentais da população como os trabalhadores das indústrias e de call center, e não fechava os portos e aeroportos. Pois bem, agora sequer essas medidas serão mantidas. Carlos Moisés já havia deixado seu recado para os empresários e para classe trabalhadora: “Precisamos começar a conviver com o vírus”. Acovardou-se vergonhosamente pela pressão exercida por empresários que só estão preocupados com seus lucros e não com a economia.

Sim, covardia total, pois sabe muito bem que não há nenhum motivo científico e mesmo minimamente lógico para afrouxar as medidas, o que na prática acaba com a quarentena.

A tragédia é inevitável e se isso acontecer a responsabilidade dessas mortes será do governador. E isso é ainda mais criminoso num momento em que governantes italianos, como é o caso do prefeito de Nápoles, que foram os pioneiros desse tipo de campanha contra as quarentenas, vem agora a público assumir que estavam errados.

Moisés tenta se distanciar da figura falida de Bolsonaro, mas aplica as mesmas medidas genocidas e irresponsáveis, de uma forma mascarada. Para garantir o lucro dos grandes empresários sem se preocupar com a saúde e a vida da classe trabalhadora, atendendo a pressão dessa burguesia escravocrata, como os donos da Madero, Havan, grandes industriais e banqueiros deste país. Que organizaram uma carta de reivindicações, ganhando parte dos pequenos empresários para isso.

Sabemos bem que a saída não é reabrir o comércio. É preciso um plano emergencial que garanta os salários desses trabalhadores, dos pequenos e médios empresários, autônomos e desempregados. Dinheiro para isso tem é só suspender imediatamente o pagamento dos juros da dívida pública, que é um dinheiro que vai para as mãos de um punhado de banqueiros e especuladores internacionais.

As medidas do governador são para atender as grandes empresas. É um grande acordão com os empresários. A maioria dos serviços que voltarão a funcionar serão shoppings, bares, restaurantes, prestação de serviços, além dos telemarketings que já estão funcionando. Nenhum desses prestam serviços essenciais. Para que precisamos de shoppings e bares abertos, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta a ficar em casa?!

Além disso, o governador vai manter as linhas de transporte paradas. Não estamos aqui defendendo que o transporte coletivo volte a circular, mas sim que a lógica é: somos obrigados a trabalhar, mesmo pagando muito mais caro para ir ao trabalho, gastando mais do que recebemos, sem conseguir chegar ao local de trabalho ou até mesmo atrasados, com poucos clientes, poucas vendas ou basicamente ninguém para atender. O caminho é ser demitido ou “levado” a se demitir, como aconteceu em diversas partes do país. Um acordão para demissões sem pesos trabalhistas.

A vida ou o emprego 

Não é de hoje que a juventude da classe trabalhadora, pobre e de periferia está doente. Obrigar ela a trabalhar perante à COVID-19 é desmascarar o plano genocida do capitalismo com os mais pobres.

A orientação é categórica: isolamento social para deter o vírus. Esses serviços, que o governador que reabrir, são majoritariamente ocupados pela juventude, que estão em subempregos, com contratos flexibilizados. O estado de Santa Catarina tem a maior parte da renda bruta do estado baseada nas indústrias e no agronegócio, ou seja, a juventude dos interiores trabalha em sua maioria em fábricas. Estudam desde de novos para ser mão de obra fabril. Esses foram setores que nunca pararam, pois fazem parte efetiva da produção.

As fábricas são locais de alta proliferação do vírus, e além disso, com basicamente nenhum material de segurança, muitas dessas fábricas não são de materiais essenciais, mas continuam produzindo anarquicamente produtos. O decreto até então do governo do estado de Santa Catarina era de funcionar apenas 50% do contingente, o que já era insuficiente, já que o correto seria o funcionamento apenas das fábricas de produtos essenciais. O novo decreto, coloca as fábricas novamente a todo vapor, como se nada estivesse acontecendo.

Somos a juventude com pouca perspectiva, cortam a saúde, educação e a previdência, nos atacam com a carteira Verde e Amarela, entre os desempregados somos maioria, agora mais do que nunca, querem que trabalhemos até morrer.

Para a juventude trabalhadora existe a opção de ficar em casa? É claro, tem sim! Como? Pedindo a conta. Sem direito à rescisão nem ao seguro-desemprego. É isso que as empresas querem, torturar e expor aos riscos os trabalhadores até que não suportem mais.

A única opção para ter direito a quarentena é se juntar ao enorme exército de reserva – que é de onde vem e para onde vão a esmagadora maioria da juventude. São mulheres, LGBTs, negras e negros e jovens que trabalham sob constante rotatividade, alternando períodos de emprego e desemprego, com a vida sempre tomada pela instabilidade.

Sob o argumento de que o vírus só atinge os mais velhos e deixaria apenas a juventude, “gripadinha”, a lógica é jogar a juventude á contaminação, o que vai contra todas as orientações de saúde, principalmente no que diz respeito a sua proliferação.

Quando o sistema público de saúde entrar em colapso, tanto idosos como jovens irão morrer. Não podemos ter que escolher entre a vida ou o emprego. Muitos jovens sustentam a família, ou moram com avós, pais e pessoas de alto risco e mesmo que não, é cruel expor qualquer um a um vírus perigoso e ainda desconhecido, em uma situação, onde sistema público de saúde não conseguirá atender a todos os doentes.

Fazendo o jogo genocida de Bolsonaro

As custas de vidas, o governador de Santa Catarina nos joga à própria sorte. Flexibilizar a quarentena é um crime. Não vamos conviver com o vírus. A juventude trabalhadora não é bucha de canhão para grandes empresários manterem seus lucros. O governador Moisés compactua com as medidas insanas de Bolsonaro. Até quando vamos conviver com o vírus? Até que tenhamos que carregar corpos?

Já passou da hora de colocar para fora Bolsonaro, Mourão e toda sua trupe, incluindo especialmente o ministro da economia Paulo Guedes, outro genocida, que se aproveita da pandemia para arrancar ainda mais direitos da classe trabalhadora e o ministro da saúde que reafirma as bobagens de Bolsonaro.

Devemos parar o Brasil para derrubar o vírus. Vamos parar tudo (greve geral) e fazer panelaços, buzinaços e formas de mobilização que evitem contágio, exigindo quarentena social geral, com garantia de salário e as condições necessárias para isso. Fora Bolsonaro e Mourão, e seu projeto de ditadura e semiescravidão! Não podemos esperar até 2022 para tirar um governo que mata a juventude pobre e trabalhadora.

A saída não é nesse sistema apodrecido

Esse sistema não pode mais nos dar resposta e não pode ser reformado. Em plena pandemia fica explícito o plano do capitalismo: matar os trabalhadores e manter as grandes fortunas. Matam milhões para manter meia dúzia. Os de cima sobem e os debaixo desce!

Isso, acontece não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Veja a Itália, os EUA e outros países que demoraram a tomar medidas concretas contra o coronavírus. Não adotaram medidas sérias para manter a taxa de lucros dos grandes banqueiros e empresários. A verdade é que eles atuam juntos para mandar no mundo, nos governos, que só se mantém onde estão por conta da aprovação desta minoria. Porém a classe trabalhadora também é internacional, a juventude oprimida e explorada é internacional.

O problema nunca foram os recursos materiais, afinal de contas temos muitos, mas sim quem os domina e para que os domina. Somente em uma sociedade em que se produza para as necessidades e não para o lucro, a vida dos trabalhadores vem em primeiro lugar.

Por isso, devemos lutar pelo socialismo contra a barbárie capitalista. A classe trabalhadora produz toda a riqueza deste mundo, por isso, ela merece governar. Na nossa classe tem médicos, enfermeiros, operários, petroleiros, caminhoneiros, professores, agricultores, carteiros, cientistas e uma infinidade de trabalhadores. Nós somos capazes de organizar a sociedade em conselhos populares, com democracia de verdade, e utilizando todos os recursos e serviços que produzimos para o bem-estar do povo trabalhador, e não para o lucro de um punhado de parasitas.

-Exigimos o revogamento imediato do plano de ação do governador Carlos Moisés (PSL). Não podemos escolher entre saúde ou trabalho!

– Suspensão imediata e permanente da falsa dívida pública. Para investir no SUS, nos serviços públicos, nos auxílios emergenciais e para manter os trabalhadores em quarentena;

– Por um plano de apoio emergencial, com o valor de um salário mínimo aos trabalhadores autônomos, desempregados, pequenos empresários, deficientes e aposentados catarinenses;

– Sem demissões e nem corte de salários. Somente manter as fábricas de produtos essenciais funcionando, garantindo plena segurança e equipamentos de segurança;

-Rever os serviços essenciais: telemarketing é venda, não é essencial. Liberação imediata dos trabalhadores do telemarketing!

– Não podemos trabalhar em meio a uma pandemia. É preciso parar o Brasil para parar o coronavírus!