Abertura do 5º Congresso Nacional da CSP-Conlutas
Redação

Lula tem tomado uma série de medidas para agradar os grandes bilionários capitalistas, a exemplo do Arcabouço Fiscal e da Reforma Tributária. Nem quando os ricos cometem crimes descarados o governo faz alguma coisa, como foi o caso da privatização da Eletrobrás, que beneficiou o mesmo grupo de empresários corruptos ligados às falcatruas das Americanas.

Mas não é apenas isso. Toda a política econômica do novo governo Lula está baseada na ampliação das famigeradas Parcerias Público Privadas (PPPs), onde o governo entra com o dinheiro público e as empresas saem com os lucros privados, à custa de serviços ineficientes e caros para os trabalhadores.

Maquiando os lucros dos banqueiros e a recolonização 

Em nove meses de governo, os ricos seguem ficando mais ricos, mas as condições de vida dos trabalhadores e do povo pobre seguem difíceis. O governo faz uma campanha em torno à redução da inflação. É verdade, a inflação teve uma queda no Brasil. Contudo, isso reflete a dinâmica da situação econômica mundial. Não está relacionado a qualquer mudança estrutural do país, ou sequer aponta para um novo ciclo de desenvolvimento ou crescimento duradouro.

O programa Desenrola funcionou para limpar o nome de alguns trabalhadores e pode ter ajudado o consumo. Contudo, isso não significou diminuição do lucro dos bancos à custa dos trabalhadores. Tanto é assim que os banqueiros foram os que mais comemoraram. Aproveitaram o projeto para combater a inadimplência que estava altíssima e afetando seus lucros. Estão ansiosos para manter o endividamento geral da população. 

Ou seja, o problema estrutural segue. Os banqueiros dominam a economia brasileira, sugam o salário dos trabalhadores, se beneficiam do orçamento através da dívida pública e pagam poucos impostos. Enquanto isso, os trabalhadores se endividam para sobreviver.

Os anúncios sobre algumas possibilidades de investimentos, como das montadoras chinesas e do setor de energia verde, são de um patamar que não altera o quadro geral de reprimarização da economia brasileira (papel de exportador de matérias primas e recursos agrícolas e minerais). Longe de uma busca por uma posição superior na divisão mundial do trabalho, o que vem se consolidando e aprofundando é a recolonização e subalternidade do Brasil em relação aos países centrais e imperialistas, como Estados Unidos, União Europeia e China. 

Aliança com bolsonaristas

Na movimentação política, Lula entregou mais dois ministérios para o Centrão, alojando o Partido Progressistas (PP) e o Republicanos no governo. Esses partidos foram fundamentais na manutenção e no apoio ao governo Bolsonaro. Além deles, há outros, como o MDB, o PSD, o União Brasil, e muita gente de direita dentro do governo Lula, que segue tentando conciliar com os militares, não punindo exemplarmente toda a cúpula envolvida na tentativa de golpe do 8 de janeiro.

Essas mudanças nos ministérios são para agradar Arthur Lira (PP). Coube a ele anunciar que, em breve, deverá ser votada uma nova Reforma Administrativa; isto é, um grande ataque à Saúde, à Educação e todos demais serviços públicos, bem como aos direitos dos servidores públicos.

Por isso, não devemos depositar nenhuma confiança no governo Lula. É um governo de conciliação de classes, favorável aos interesses da burguesia. Nosso papel é construir iniciativas no movimento, em unidade de ação, para a luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, como está ocorrendo em São Paulo, na realização de um plebiscito contra as privatizações de Tarcísio (Republicanos). 

Congresso da CSP-Conlutas aponta o caminho

O 5º Congresso da CSP-Conlutas cumpriu um papel muito importante ao reafirmar a independência da Central em relação ao governo Lula. Também foram aprovados um plano de lutas e um chamado aos trabalhadores e demais organizações a lutar contra os ataques aos direitos dos trabalhadores promovidos pelos governos e patrões.

Este também é o caminho para derrotar, de uma vez por todas, a ultradireita. Não é apoiando o governo. Afinal, o governo alimenta a ultradireita: seja administrando o capitalismo, seja conciliando com Centrão e com a cúpula das Forças Armadas. Ou, ainda, sendo agente da burguesia.

A CSP-Conlutas mantém seu programa e projeto originais, de ser uma alternativa às demais centrais e organizações do movimento que se atrelam aos governos e à burguesia. Essas, ao contrário, se movimentam por seus interesses, apoiando este ou aquele setor burguês, para garantir seus interesses materiais particulares.

Oposição de esquerda, revolucionária e socialista

No marco da unidade de ação para lutar, é preciso reafirmar a necessidade de se localizar como oposição de esquerda ao governo e à ultradireita. Este é um primeiro passo fundamental para pavimentar uma alternativa independente dos dois blocos burgueses que dominam o cenário político atual.

As mazelas sociais e políticas desse país só serão resolvidas quando enfrentarmos os bilionários, os donos das grandes das grandes empresas, multinacionais e bancos que controlam o Brasil.

Este é o caminho, se quisermos, de fato, acabar com a fome, a miséria, garantir emprego para todo mundo, reduzir a jornada e ter um salário mínimo do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Também só assim teremos condições de acabar com as ameaças, violência e assassinatos promovidos pela burguesia no campo, nas comunidades indígenas e quilombolas.

Por isso, é preciso construir uma oposição de esquerda com independência de classe no movimento. Mas é preciso também apontar para a construção de uma alternativa revolucionária e socialista. O fortalecimento de uma alternativa política para os trabalhadores tem que se contrapor tanto ao governo Lula quanto a oposição de ultradireita defendendo um governo dos trabalhadores que coloque o capitalismo em xeque e abra caminho para a revolução socialista. Qualquer governo de aliança com a burguesia faz o contrário disso, independentemente de como se chame.