Foto Sindmetal/SJC
Redação

Operários e operárias da montadora Caoa Chery iniciaram, na última sexta-feira, 6 de maio, um acampamento contra o fechamento da fábrica e em defesa dos empregos. A empresa anunciou a parada de produção e a demissão dos trabalhadores em reunião com os representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (SP) na quinta-feira, dia 5. O acampamento segue firme e tem recebido apoio de diversas entidades sindicais, estudantis e populares, assim como de figuras públicas.

Ameaça de demissões

A proposta da Caoa Chery é demitir todos os trabalhadores e pagar mais três meses de salários. Serão cerca de 480 operários e operárias demitidos, sendo 370 da linha de produção. Essa proposta foi rejeitada pelos trabalhadores na assembleia. Na mesma assembleia, foi aprovada uma campanha política em defesa da permanência da fábrica na cidade de Jacareí (SP) e pela manutenção dos empregos.

Como ocorre com outras multinacionais, a Caoa Chery se instalou no Brasil recebendo isenções de impostos. Após explorar a mão de obra local, com baixos salários e pouquíssimos direitos, quer fechar as portas e deixar os trabalhadores à mercê da crise econômica que assola o país”, denuncia Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e militante do PSTU.

Não é a primeira

Essa não é a primeira montadora que anuncia o fechamento durante o processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil. O mesmo aconteceu com a Ford e a Toyota.

“A nossa luta será pela manutenção da fábrica na cidade. Se a empresa insistir com o fechamento, vamos exigir a estatização sob controle dos trabalhadores para que, assim, nosso país produza um carro 100% nacional. Cobraremos o governo em relação a isso. Vamos repetir a luta dos trabalhadores da Avibras, que conseguiram reverter centenas de demissões”, pontua o presidente do sindicato.

Nesta quarta-feira, dia 11, será realizada uma nova assembleia. Vera, pré-candidata à Presidência do Brasil pelo PSTU, estará presente, levando o apoio e a solidariedade do partido às operárias e operários da Caoa Chery.

Confira

Proposta dos trabalhadores

Na assembleia foram aprovadas as seguintes propostas:

– Realizar uma luta política pela permanência da fábrica em Jacareí;

– Montar acampamento na porta da fábrica;

– Exigência de licença remunerada a todos os trabalhadores no mês de maio;

layoff (suspensão temporária dos contratos) durante cinco meses, de junho a outubro, com mais três meses de estabilidade.

Recorde de vendas

Caoa Chery vendeu 97% a mais em 2021

Em 2021, a Caoa Chery bateu recorde de vendas, com 39.746 emplacamentos ao longo do ano. Isso representa um crescimento de 97% na comparação com 2020, enquanto o mercado brasileiro de automóveis cresceu apenas 3% no período.

Esse cenário demonstra que a empresa tem plenas condições de manter os empregos e direitos em Jacareí, para que o Sindicato, ao lado dos metalúrgicos, siga com o processo de negociação contra a demissão em massa.

Somente no terceiro trimestre do ano passado, a montadora contratou cerca de 280 empregados na planta de Jacareí, justamente para suportar a alta perspectiva de produção para 2022, cuja expectativa de vendas é de 20 mil unidades a mais que no ano passado.