Os trabalhadores da fábrica Imbel, em Itajubá (MG), estão em plena campanha salarial. A empresa insiste em tentar enrolar os trabalhadores e o sindicato. Como uma resposta a esta situação, sindicato e trabalhadores fizeram um dia paralisação, com estado de greve, em 15 de maio, para fazer com que a empresa abra as negociações.

Os trabalhadores realizaram uma outra assembleia na segunda-feira, 18, e decidiram permanecer em greve até que a empresa atenda às reivindicações dos trabalhadores. Estas paralisações confirmam o que o sindicato vinha dizendo: não existe outro caminho para melhorar os salários senão a luta e a mobilização. Não é possível esperar a vontade da empresa.

A paralisação segue com força e com a certeza de mais trabalhadores se juntem ao movimento e ao sindicato.

CUT tenta dividir trabalhadores
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) desrespeitou a decisão da assembleia e está furando a greve na Imbel. O sindicato havia conversado com os trabalhadores sobre a importância de se dedicar totalmente à construção da união de todos, já que não se trata de eleições, mas de uma campanha salarial.

Alheia a isto, a CUT jogou a favor dos patrões. Tentaram convencer os trabalhadores a não participar da assembleia. Na tentativa de dividir os trabalhadores e derrotar a greve, propuseram que os trabalhadores voltassem para a empresa para continuar a produção.

Mas os trabalhadores não se deixaram enganar e, atendendo ao chamado do sindicato, votaram pela greve. Como não conseguiram acabar com a mobilização, os ativistas da CUT na categoria viraram as costas para os trabalhadores e, desrespeitando a decisão da assembleia, entraram na fábrica, abandonado a luta e furando a greve.

Uma tradição de lutas
Os trabalhadores da Imbel de Itajubá são conhecidos por seu histórico de lutas e greves que marcaram toda categoria metalúrgica da região. Todas as conquistas recentes foram produtos de muitas lutas e resultado de greves importantes, como a greve de 1994 que arrancou da empresa a cesta básica para os trabalhadores.

Em 2003, os trabalhadores paralisam a produção por 44 dias. Nos anos seguintes, não foi diferente: viagens a Brasília e mais paralisações deram o tom nas campanhas por melhores salários. Em 2005, foram quase 50 dias de greve numa das mais longas paralisações.

As lutas por salários, assim como as grandes greves dos trabalhadores, se confundiram com a criação e o desenvolvimento de 20 anos de fundação do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá que, em todos estes anos, participou e esteve à frente destas lutas junto com os trabalhadores.

Casa de ferreiro, espeto de pau
A Imbel é uma empresa estatal ligada ao governo federal e ao Ministério da Defesa e têm cinco unidades: Piquete (SP), Magé (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Juiz de Fora (MG) e Itajubá (MG), somando um total de 1.940 trabalhadores. A fábrica de Itajubá emprega cerca de 1.200 trabalhadores diretos. Os trabalhadores fabricam armas de pequeno e médio porte (fuzis e pistolas).

A empresa tem os piores salários entre as estatais. A maioria dos trabalhadores da unidade de Itajubá ganha salário mínimo. A empresa produz fuzis, pistolas, munições e materiais de comunicação para o Exército brasileiro e para forças policiais de vários estados, além de fornecer pistolas para o FBI dos Estados Unidos.

Os operários foram obrigados a conviver com atrasos de salários e cestas básicas, pois, apesar de a produção estar em alta, a empresa insistia em não pagar os trabalhadores e não explicava onde estava indo parar o dinheiro que é dos metalúrgicos. “Os trabalhadores já acumulam dez anos de perdas salariais, com salários totalmente defasados. A realidade dos trabalhadores da Imbel está muito abaixo do quadro de arrocho salarial e miséria que vivem os trabalhadores de outras categorias no governo Lula”, disse Paulo Gabriel, coordenador da Conlutas regional e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá e Paraisópolis.

Esta situação é mantida pela política salarial do governo Lula e a realidade salarial destes trabalhadores vem a público exatamente no momento em que Lula anuncia empréstimos para o FMI e diz que é chique. Chique para os trabalhadores é receber um salário justo e melhorar sua vida e de suas famílias e não destinar dinheiro público para especuladores e banqueiros. Há anos com as negativas dos governos em destinar dinheiro para melhorar os salários, os trabalhadores não têm outra saída senão construir suas lutas como a única esperança de melhorar suas vidas.