Ativistas do coletivo Petroleiros Socialitas, que tiveram uma participação ativa no 13º Congresso da FNP

Encerrou neste dia 1º, na cidade de Santos (SP), o 13º Congresso da Federação Nacional dos Petroleiros. O evento que iniciou na quinta-feira, dia 28, foi atravessado por duas discussões presentes na conjuntura nacional e internacional: eleições 2022 e guerra na Ucrânia.

Os militantes do PSTU, que atuam no coletivo Petroleiros Socialistas, tiveram uma participação ativa no congresso. Sobre o tema das eleições, os Petroleiros Socialistas defenderam a independência política da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e combateram a posição política de um setor que atua na categoria, ligado à corrente Resistência do PSOL, que defendia que a FNP integrasse a frente ampla com a burguesia em torno a candidatura Lula/Alckmin. A proposta em defesa da independência política da FNP saiu vitoriosa com 61 votos.

A necessidade número um dos petroleiros e de toda a classe trabalhadora é colocar pra fora Bolsonaro e derrotar os patrões em todos os âmbitos – nas fábricas, nas escolas, nos territórios, nas ruas, no parlamento e, claro, em outubro, nas urnas. Entretanto, isso não pode significar a vinculação do sindicato a um determinado partido ou candidato, “afirma Eduardo Henrique, diretor da FNP, do Sindipetro-RJ e militante do PSTU.

Foi uma aprovação importante em defesa da independência política da FNP e de seus sindicatos. A Federação nasceu de uma luta contra o papel que a FUP, ligada a CUT, passou a cumprir, como correia de transmissão de partidos e governos dentro da categoria petroleira. Precisamos ser independentes para enfrentar qualquer governo de plantão, tendo a mobilização e a luta direta como principal caminho”, completa Eduardo Henrique.

Leia a resolução aprovada pela maioria das delegadas e delegados, defendida por vários grupos e ativistas independentes, incluindo o coletivo Petroleiros Socialistas, contrapondo-se à proposta de que a FNP, como entidade, deveria apoiar a candidatura Lula/Alckmin no primeiro turno da eleição presidencial:

Uma das principais tarefas dos petroleiros e do conjunto da classe trabalhadora é derrotar e colocar para fora Bolsonaro e Mourão, que vem aprofundando o plano de destruição e entrega da Petrobras, ceifando vidas, empregos e direitos.

O principal caminho para isso é a mobilização e a luta direta dos trabalhadores com greves e manifestações de rua.

Por outro lado, estamos em ano eleitoral e os petroleiros não devem se furtar a este debate.

Explicar a necessidade de derrotar este governo, inclusive nas urnas, é uma tarefa que devemos assumir.

No entanto, a vinculação, já no primeiro turno (ou dado um cenário virtual de segundo turno de forma antecipada), mesmo que um “apoio crítico”, da FNP e de seus sindicatos, a qualquer candidatura nas eleições presidenciais pode significar a perda da nossa independência política.

Não podemos permitir o atrelamento da FNP e de seus sindicatos a um projeto eleitoral, correndo o risco de nos transformarmos em correia de transmissão dos interesses de partidos políticos, tal como faz a FUP (ligada à CUT), que submete a defesa da Petrobras, de nosso ACT, AMS e Petros à campanhas eleitorais e negociações por cargos.

Já vimos este filme e não seremos nós a reprisá-lo.

Precisamos manter nossa independência de classe para lutar contra os ataques de qualquer governo de plantão.

A autonomia dos sindicatos é fundamental para preservarmos nosso compromisso unicamente com os interesses da categoria e do conjunto da classe trabalhadora.

Debate

Vera, pré-candidata à presidência do Brasil pelo PSTU, esteve presente no Congresso da FNP e foi uma das debatedoras na mesa sobre conjuntura nacional e a luta em defesa da Petrobras. Vera pontuou que o governo Bolsonaro é a expressão mais concreta do que é o capitalismo atualmente no Brasil que está em defesa da burguesia e no ataque aos trabalhadores.

Vera no debate sobre conjuntura nacional durante o 13º Congresso da FNP, em Santos (SP), no último dia 29

Se não bastasse a desgraça da Covid-19, que vitimou milhares de trabalhadores, temos Bolsonaro um sujeito que sonha em ser um ditador que apesar de seu comportamento ainda tem apoio da burguesia brasileira. Não é de hoje que o Brasil vive um processo de recolonização, isso acontece desde os anos 1990. E precisamos revogar todas as reformas trabalhistas e da previdência, do teto de gastos e todas as leis que jogaram nossos jovens negros na cadeia, entre outras ações que a burguesia encaminha contra os trabalhadores do Brasil”, disse a pré-candidata do PSTU.

Na luta contra Bolsonaro, Vera defendeu a necessidade da construção de uma alternativa socialista e independente da classe trabalhadora. Combateu a capitulação de setores da esquerda ao projeto de frente ampla com a burguesia capitaneado pelo PT e chamou o fortalecimento da campanha em defesa da Petrobras 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores.

Guerra na Ucrânia

A brutal invasão russa da Ucrânia foi tema de debate no Congresso da FNP. As polêmicas no campo da esquerda apareceram na mesa de debate “A guerra na Ucrânia e o desafio dos trabalhadores”, que contou com a participação de Diego Russo, militante do PSTU e da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI), que morou na Rússia nos últimos 18 anos, onde militou no POI (Partido Operário Internacionalista); o professor Antônio Carlos Mazzeo, militante do PCB; e o jornalista Gabriel Casoni, da corrente Resistência/PSOL.

Diego Russo defendeu a resistência heroica do povo ucraniano tem infligido derrotas a Putin e defendeu a campanha internacional de solidariedade com a resistência, os trabalhadores e o povo ucraniano.

Nossa luta é pela derrota da invasão militar russa à Ucrânia. Por uma Ucrânia unificada e livre da opressão russa. Bem como, defendemos uma Ucrânia livre das garras dos Estados Unidos, da OTAN e da União Europeia”, afirmou Diego Russo.

A polêmica se deu com a posição do PCB, que reproduz no Brasil o posicionamento das organizações stalinistas mundias de que Putin trava uma guerra justa contra os ataques da Otan e do imperialismo e que busca destruir um governo nazista.

Esse posicionamento do PCB e das correntes stalinistas é totalmente criminoso, pois batem palmas quando Putin bombardeia hospitais, maternidades e residências. Putin não trava nenhuma guerra justa. O que estamos assistindo é um massacre e os ucranianos têm o direito e o dever de defender a integridade territorial de seu país, têm o direito de se defender contra a destruição de um país inteiro pelas forças armadas russas, um exército invasor que lembra a invasão das tropas nazistas alemãs. Nosso dever é expressar nossa solidariedade e apoio à resistência ucraniana, pela derrota das tropas invasoras russas.

O 13º Congresso da FNP aprovou por uma ampla maioria uma resolução contra a ocupação militar russa e a guerra na Ucrânia, derrotando a posição apresentada pelos militantes do PCB. Leia a resolução aprovada:

1 – A ocupação militar e invasão russa sobre o território ucraniano é uma agressão injusta a um país soberano.

2 – De um lado, a Rússia é um país capitalista e seu governo, conservador, autoritário e de direita é movido por interesses burgueses e de expansão dos negócios de seus oligarcas bilionários.

3 – De outro lado, os EUA, a OTAN e a União Europeia cinicamente promovem uma expansão e escalada militar rumo ao leste europeu. E não hesitarão em abocanhar o território ucraniano para aprofundar esta escalada militar que vem desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Por isso denunciamos estes objetivos e somos a favor também pela dissolução da OTAN.

4 – Diante deste cenário, a tarefa dos trabalhadores em todo o mundo é exigir o fim da guerra e a retirada das tropas russas.

5 – Defender a soberania e a paz na Ucrânia deve ser a nossa bandeira neste momento.

6 – O Apoio à libertação e autodeterminação do povo ucraniano, não significa se confundir ou negar a existência de milícias paramilitares neonazistas na Ucrânia, inimigas mortais do proletariado internacional, e que a tarefa do proletariado ucraniano é também aniquilar tais organizações paramilitares, extirpando-as do seio da comunidade ucraniana.

7 – O apoio ao povo ucraniano, de um ponto de vista operário, nos exige também denunciar e repudiar o racismo e xenofobia cometidos por instituições e agentes do governo ucraniano contra os imigrantes não-brancos, negros, asiáticos, árabes, latino-americanos, dentre outros povos que vivem na Ucrânia, que também são vítimas da ocupação militar russa e sofrem assim duplamente os horrores da guerra.

Assista ao vídeo de apoio à resistência do povo ucraniano, contra a invasão russa, emitido pelos petroleiros e petroleiras presentes no 13º Congresso da FNP. Eduardo Henrique, diretor do Sindipetro-RJ e militante do PSTU, anuncia o apoio: