Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

Em resposta a intransigência da direção da empresa e do governo do Estado, que insistiam com uma proposta que retirava direitos, os metroviários de São Paulo realizaram ontem uma forte greve, o que obrigou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) a convocar uma nova reunião de negociação, forçando a presença dos representantes do Metrô, que não tinham comparecido à reunião anterior.

Foi justamente a ausência dos representantes do Metrô na negociação, que levou os trabalhadores a aprovarem a greve, já que a empresa não abria mão de uma proposta cheia de ataques aos direitos da categoria.

A culpa da greve foi do governo de São Paulo. Do Dória, do secretário do transporte, e dos seus representantes. Nesse sentido, a proposta que a empresa nos fez era uma proposta absurda”, disse Altino de Melo, coordenador do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e militante do PSTU.

Altino ressaltou que, para além das pautas econômicas, os metroviários cruzaram os braços contra a privatização do metrô, em defesa de um transporte público de qualidade. “As nossas reivindicações são as mesmas do povo trabalhador. Nossa luta é em defesa do metrô público e estatal de qualidade. Queremos vacina para todos e todas já e o fim das contaminações no transporte público. Estamos contra a tarifa exorbitante que é paga pelos usuários e pela manutenção de nossos direitos. O que nos move é a certeza de que não queremos que ninguém morra de fome ou do vírus”, pontuou.

Nova proposta

A força da greve, que paralisou as linhas 1 (azul), 2 (verde), 3 (vermelha) e a 15 (prata), obrigou uma nova negociação. A força da categoria se expressou nas mobilizações setoriais que aconteceram antes da greve e na participação na assembleia geral on-line que aprovou a paralisação. Dos 3.162 participantes da assembleia, 2.448 (ou 77,4%) votaram pela greve.

Os metroviários realizaram uma grande greve e mobilização exemplar, com quase 90% de participação, em defesa dos direitos e por reposição das perdas.

Na Audiência de Conciliação, feita entre Sindicato e o Metrô, o TRT e o Ministério Público do Trabalho (MPT) apresentaram uma proposta para acordo e cláusula de paz, com garantia de não demissão ou punição de qualquer trabalhador que tenha participado da greve.

A proposta considerou um reajuste de 7,79% sobre salários, vale-alimentação e vale-refeição. Garante ainda o adicional de férias de 60% até janeiro de 2022 e pagamento das diferenças atrasadas nos meses de fevereiro, março e abril.

Por ampla maioria aprovamos rejeitar a proposta da empresa, que colocou de forma malandra um índice da inflação de dois anos atrás, só porque é menor: 2,61%. Estamos perdendo mais de 10% só neste último período. E, a proposta da empresa é retirar parte do nosso acordo coletivo. Já a proposta do TRT não é a ideal, mas propôs 7,79%, ao período de inflação do último ano. A categoria, por mais de 90% dos votos dos presentes na assembleia, aprovou a proposta do TRT”, explica Altino.

Vamos voltar ao trabalho, em apoio à população e para dialogar e dizer ao Secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Alexandre Baldy, para o governador João Dória (PSDB) e para a direção da empresa: respeitem a categoria metroviária. A proposta do TRT não é ideal, mas gora é dever do governo e da empresa cumprir com esse acordo proposto pelo TRT. Agradecemos ao apoio da população, de todos os ativistas e trabalhadores de outras categorias e parabenizamos a categoria metroviária. Vamos seguir organizados por baixo para derrubar os de cima”, finaliza Altino.