Cláudio Donizete, do ABC Paulista

Seu Jorge, cantor, ator e uma porrada de talentos outros, se manifestou hoje sobre ataques racistas vindos de parte do público em seu show em Porto Alegre, na última sexta-feira (14) no Clube Grêmio Náutico União.

Sempre é e foi muito importante a manifestação frontal de artistas do peso dele para fortalecer cada vez mais o combate ao racismo e toda forma de opressão e exploração. E avançar sem trégua e conciliação de classes na luta Antirracista.

Mas o que nos deixa tão mais indignados foi o seu relato sobre as “recomendações” aos empregados e funcionários, pela diretoria do Clube Grêmio Náutico, de “não olhar em seus olhos, não se dirigir a ele e não tirar fotos dele ou com ele” (que segundo Seu Jorge, foram todas ignoradas por ele desde a chegada à casa). Identificando ainda que o único publico negro em seu espetáculo eram exatamente os funcionários e prestadores de serviços naquele local.

Esse caso, para além do ataque racista de parte do público, revela com todas as cores a situação dos negros e negras no mercado de trabalho, e a semelhança como nos tratávamos na época da escravidão e reiterada por séculos no Brasil pelos patrões e a burguesia. Diminuindo, invisibilizando e tentando anular a condição humana de cada um de nós e promovendo todo tipo de segregação, punição e morte de cada negro e negro da classe trabalhadora e da juventude.

Por isso, a luta antirracista deve ser contra esse sistema capitalista e seus agentes diretos e indiretos, que os sustenta para angariar pós-escravidão e a abolição, a persistência da servidão de nosso povo, da nossa classe e nossa raça para garantir seus lucros, privilégios e vantagens.

Seu Jorge não esta só, e muito menos todos os trabalhadores e a juventude que trabalham no Clube Grêmio Náutico ou onde quer que seja. Gestos como o de Seu Jorge reforçam a luta, a resistência e a superação dessa verdadeira guerra social contra os negros e negras no Brasil e no mundo. Avançar a luta com Raça, Classe e por uma nova sociedade socialista e livre de toda forma de opressão e exploração é a tarefa de negros e não negros urgentemente.