PSTU – Campinas (SP)

Os últimos meses de 2021 foram marcados por três atos graves de violência política executados por pessoas ligadas ao bolsonarismo em Campinas. Em setembro o radialista Jerry de Oliveira sofreu ameaças de mortes, devido a sua atuação na Rádio Noroeste FM. Dois meses depois foram os ataques racistas contra a vereadora Paolla Miguel (PT) durante debate sobre o passaporte vacinal. E menos de duas semanas depois ligações ameaçando a também vereadora Mariana Conti (PSOL) por fazer críticas a Bolsonaro (leia as 3 notas no nosso blog).

Também em novembro se inicia uma perseguição inédita contra lutadoras e lutadores. O STMC (Sindicato dos Trabalhadores do Município de Campinas), a partir da vitória da chapa da CTB em sua eleição, move um processo judicial contra a Chapa 2 de oposição e o MST. Buscam utilizar sua reeleição para intimidar e perseguir quem os critica, num profundo desrespeito não só a quem luta, mas aos próprios setores da categoria que votaram na oposição. Tudo isso a serviço de manter seus laços com o governo municipal de Dario Saadi (Republicanos), que segue atacando os serviços públicos e a categoria.

Porém, este início de 2022 não veio com notícias tão melhores. Na última semana de janeiro houve uma invasão à sede do PT Campinas, onde documentos foram revirados e nada foi levado.

E por fim, na mesma semana, surge a notícia do assassinato de Nilton Aparecido de Maria, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região. Esse sindicato possui um triste histórico de pesadas disputas por controle do aparato, o que atrapalha enormemente o potencial de mobilização da categoria.

Nós do PSTU Campinas repudiamos todos esse atos e nos somamos às exigências de investigação dos crimes executados e de retirada do processo contra a Chapa 2 e o MST. A “democracia” na qual vivemos já não está a serviço do povo pobre e trabalhador e de quem luta, e este tipo de ação limita ainda mais as poucas liberdades democráticas existentes.

Organizar a classe trabalhadora e sua defesa

É inevitável ligar todos esses fatos, ocorridos tão próximos uns dos outros, e a situação pela qual passa o país. Num cenário de aumento do desemprego, retirada de direitos e redução da renda da classe trabalhadora, já antes da pandemia, as preocupações do governo Bolsonaro eram outras. Agiu rápido para aumentar o acesso a armas por parte de seus apoiadores, questionar um possível resultado de derrota eleitoral e ameaçar uma ditadura focada em si mesmo

Mas essas políticas autoritárias não são à toa. Elas vieram junto a inúmeros ataques contra a classe trabalhadora, no sentido de fazê-la engolir à força a lógica de que sejam os mais pobres que paguem a conta da crise, enquanto os bilionários veem suas riquezas aumentar a cada dia.  Com mais desigualdade as disputas políticas ficam mais acirradas e violentas. É com esse pano de fundo que a classe trabalhadora e suas organizações tem que lidar.

Importante lembrar que essa escalada de violência não é um raio em céu azul. Os saques e a violência são contínuos nestas terras desde 1500, e desde lá os de baixo se organizam e se defendem. Mesmo sob governos que se diziam “populares”, como os do PT, houve grandes ataques nesse sentido, como a Lei Antidrogas sob Lula e a Lei Antiterror sob Dilma.

Só é possível enfrentar esse estado de coisas partindo da unidade da classe trabalhadora em cada local de trabalho, de estudo e de moradia, preparando-nos para nos defender de todo tipo de ameaças. E em Campinas não partimos do zero: houve um acúmulo importante no último ano com a formação da brigada de segurança nas manifestações pelo Fora Bolsonaro.

É preciso que todas as organizações, partidos  sindicatos, movimentos e ativistas se apoiem nessa experiência e busquem multiplicá-la no cotidiano e em cada luta. Para isso só podemos confiar de fato em nós mesmos e na força da união da nossa classe, sem concessões àqueles que nos atacam e exploram, mesmo quando alguma unidade pontual é colocada.

Nessa situação de polarização social, ameaças autoritárias e ataques às condições de vida da nossa classe, é urgente construir uma alternativa que combata a ultradireita, mas que também seja uma superação do projeto de conciliação de classes.

Para isso, o PSTU participa e constrói o polo socialista e revolucionário, para aglutinar os que defendem a independência da classe trabalhadora perante seus inimigos para lutar contra Bolsonaro e toda barbárie capitalista, apresentando um projeto de classe nas lutas e nas eleições deste ano.

Além disso, para nós do PSTU, uma luta consequente por uma democracia verdadeira para os de baixo, uma democracia operária, precisa estar ligada com um programa que aponte para a destruição deste sistema de desigualdade que é o capitalismo. Só assim podemos defender uma verdadeira saída: construir uma sociedade onde a lógica do lucro dê lugar à satisfação das necessidades das pessoas, uma sociedade socialista.