Se o salário não aumentar, os canteiros vão parar!A campanha salarial dos operários da construção civil de Fortaleza está entrando no seu terceiro mês. Os trabalhadores exigem aumento de 22% no piso dos profissionais (pedreiro, marceneiro, carpinteiro, ferreiro, eletricista, bombeiro e pintor) e reajuste de 14% nos demais pisos (servente, meio-profissional, encarregado de setor e mestre de obra). Também está em pauta a luta pela cesta básica, plano de saúde, o aumento da PLR de 80% para 100% e o feriado do dia do trabalhador da construção civil.

Do lado patronal, só intransigência. Na primeira mesa de negociação, numa demonstração de desrespeito diante da pauta de reivindicações dos operários, o sindicato patronal perguntou se a categoria estava vivendo num outro país. Agora, após cinco rodadas de negociação, os empresários estão oferecendo reajustes pífios nos pisos divididos em duas vezes. Uma verdadeira provocação. Acerca dos outros pontos, os patrões só aceitam discuti-los caso o sindicato dos trabalhadores tenha acordo em implementar o banco de horas na categoria.

A proposta da patronal soou como um verdadeiro insulto à base. Os empresários obtiveram um lucro de 10,22% em 2006 devido aos incentivos que Lula concedeu para o setor da construção civil. Para 2007, por conta do PAC, espera-se um crescimento ainda maior. Para se ter uma idéia de como as construtoras estão nadando em rios de dinheiro, basta falar que o setor da construção civil foi o carro chefe do bom desempenho industrial do estado, o segundo maior do Brasil. Porém, os empresários só aceitam repartir os prejuízos com os peões. Os lucros, não.

Em reposta à postura patronal, 800 trabalhadores, reunidos na última assembléia rechaçaram a proposta dos empresários e deliberam por um plano de lutas para dobrar aos patrões, que já começa a render resultados. No dia 28 de fevereiro, 800 trabalhadores de trinta canteiros de obras fizeram uma paralisação de duas horas no terminal de ônibus da categoria. Numa demonstração de força, os operários deixaram os veículos saírem para os canteiros somente após o término da paralisação. Foi uma primeira resposta para os patrões sentirem o peso da mão do operariado.

O clima está tenso nos canteiros de obra. Existe muita disposição de luta na base e já se fala em greve. Aproveitando esse cenário de mobilização, no dia 8 de março, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e a Conlutas estão organizando uma grande passeata da categoria em conjunto com as oposições, entidades e organizações ligadas à Conlutas e à Conlute no bairro da Aldeota, o mais rico da cidade. A expectativa é de 1.500 operários nas ruas. Nesse dia, vamos dizer um não aos patrões da construção civil, às reformas neoliberais de Lula, à opressão e à violência contra a mulher e à vinda de Bush para o Brasil.