Bolsonaro, Mourão e o ministro da Defesa, Braga Netto Foto José Dias/PR
Redação

O coro de “Fora Bolsonaro” não pôde ser calado pela medida autoritária do TSE que, a pedido do partido do presidente, tentou impor uma censura ao festival do Lollapaloza, em São Paulo. A verdade é que esse coro expressa um descontentamento crescente, reflexo da carestia e da enorme crise social que, longe de se reverterem este ano com o refluxo da pandemia, só se aprofundam cada vez mais.

Essa crise mostra que o problema não foi só a pandemia. O problema é uma política neoliberal que está destruindo e entregando o país, aumentando cada vez mais a exploração e a barbárie em prol dos super-ricos, do imperialismo e dos banqueiros internacionais. Gente para a qual o governo Bolsonaro trabalha, de cabeça baixa para eles, mas segurando um porrete para o povo.

O autoritarismo de Bolsonaro não é suficiente, porém, para estancar a crise no governo. Só nesta semana foram 2 baixas importantes. Uma do ministro da Educação Milton Ribeiro, exonerado após a revelação de um esquema de desvio de verbas do MEC, intermediado por pastores amigos de Bolsonaro. A outra baixa foi a do presidente da Petrobrás, general Silva e Luna, após o mega-aumento dos combustíveis e do gás de cozinha.

Em ambos os casos, porém, as demissões foram para tentar dar uma resposta enganosa à corrupção e ao aumentaço num ano eleitoral. Mas nada vai mudar. Esse governo já mostrou que é um antro de corruptos e milicianos. E Bolsonaro já reafirmou que não vai mudar a política de preços da Petrobrás, a mesma que significa aumentos cada vez maiores para o povo, e lucros cada vez mais gordos a meia dúzia de bilionários acionistas da empresa.

Fechávamos esta edição às vésperas do 58º aniversário do golpe militar. Data sempre esperada por Bolsonaro e o bolsonarismo para reafirmar seus valores autoritários. Num momento como este, é preciso sempre dizer bem alto: Ditadura nunca mais! Cala a boca Bolsonaro!

A voz dos trabalhadores nas greves e nas ruas

A onda de greves e manifestações que atravessa o país mostra a disposição de luta que fervilha por baixo, contra a carestia, a crise, e os ataques por parte dos governos dos três níveis, Federal, estaduais e municipais, e da burguesia.

O Rio de Janeiro vive uma verdadeira onda de greves, com a dos garis à frente, que vem agitando a capital. A truculência e repressão do governo de Eduardo Paes não estão sendo suficientes para acabar com a mobilização, que se intensificava no momento em que fechávamos esta edição.

Repressão também enfrentada pelos professores de Belo Horizonte. Até em Belém, a prefeitura de Edmilson Costa, do PSOL, ataca os servidores e reprime manifestações, como a contra o aumento da tarifa do ônibus.

A onda de indignação, porém, não pode ser contida e se espraia. Os trabalhadores de aplicativos organizavam um novo “apagão” no dia 1º de abril. Na região de São José dos Campos (SP), operários da Avibras estavam acampados em frente à empresa contra a demissão de 420 trabalhadores. Os servidores federais, por sua vez, também se mobilizavam contra o arrocho de quase 50% desde 2011.

Era o momento de aproveitar essa onda de lutas e unificá-las numa grande mobilização contra os governos e, principalmente, pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”. As direções, porém, que durante todo esse mandato atuaram para puxar o freio de mão, agora tentam canalizar as lutas para as eleições, chamando um dia de lutas para o dia 9 de abril sob o lema de “Bolsonaro Nunca Mais”.

A CSP-Conlutas reafirmou que irá às ruas por “Fora Bolsonaro e Mourão, já”, pois a única forma de deter os ataques, e a crise social, é pela ação direta, e isso passa por derrubar este governo pela força da própria classe, impondo uma saída dos trabalhadores e socialista. Como diz o dirigente da CSP-Conlutas e do PSTU, Luiz Carlos Prates, o Mancha, “a paciência acabou, temos que chamar a unificação das lutas rumo a uma greve geral que derrube o governo, já”.

Fala Vera

A importância de uma pré-candidatura operária e socialista

Foto: Romerito Pontes

No último dia 19 o PSTU apresentou, como proposta ao Polo Socialista e Revolucionário, sua pré-candidatura à Presidência

O que devemos oferecer à classe operária, aos trabalhadores, ao povo pobre, à juventude, aos indígenas, LGBTI’s, negros e negras, mulheres, como alternativa a esse desgoverno?

Sabemos que muitos trabalhadores pensam que votar em Lula é a saída para derrotar Bolsonaro e que seu governo pode talvez melhorar a vida. Nós respeitamos esses trabalhadores.  Mas, para derrotar Bolsonaro para valer, e resolver os nossos problemas, é preciso derrotar os super-ricos capitalistas que o sustentam. E o PT se propõe a continuar governando com eles.

Por isso, os governos do PT nem acabaram e nem diminuíram qualitativamente a desigualdade. Ao contrário. Os ricos ficaram mais ricos ainda, e mais de 50% do povo continuou sem saneamento básico. Um governo de unidade nacional, PT-PSDB, com Lula-Alckmin-Psol-e vários partidos da burguesia e do centrão, não vão mudar o país. Pelo contrário.

Para atender os milhões de trabalhadores de aplicativos que lutam contra a precarização, assim como outros milhões que estão no subemprego ou mesmo no desemprego, é preciso revogar por completo a reforma trabalhista. É preciso, da mesma forma, revogar a reforma da Previdência.

Para criar empregos é preciso reduzir a jornada de trabalho, sem reduzir os salários. E não dá para fazer isso sem enfrentar os interesses dos grandes empresários. Para dar um jeito na Educação, na Saúde, e nos demais serviços públicos que estão à míngua, é preciso investir de forma maciça, e isso é impossível sem romper com a dívida pública e atacar os grandes banqueiros, os 415 bilionários que compõem os 0,01% dos super-ricos.

Não dá, no mesmo sentido, para enfrentar a inflação dos combustíveis e do gás de cozinha, sem a gente retomar por completo a Petrobrás, reestatizando a empresa sob controle dos trabalhadores.

Enfim, para gente mudar de verdade, é preciso um outro projeto de país, socialista, que coloque nossa economia não para enriquecer os super-ricos, mas para gerar emprego, acabar com a fome, e dar dignidade à nossa classe. É a esse objetivo que está a nossa pré-candidatura.

É para dizer aos trabalhadores e à juventude que só uma revolução socialista que coloque o rumo do país nas mãos dos trabalhadores pode mudar de fato essa realidade.