Morreu, aos 82 anos, Leonel Brizola, presidente do PDT.

Embora sua biografia, de lutas e resistência ao golpe de 1964, ou o seu discurso nacionalista, confundam grande parte da esquerda brasileira, Brizola era um político burguês.

É verdade que Brizola tentou resistir ao golpe dos militares. No entanto, a sua política e a de João Goulart, seu cunhado, não levaram ao enfrentamento conseqüente com a burguesia do país na época.

As reformas de base, as medidas de nacionalização de empresas e a reforma agrária, por mais progressistas que tenham sido, não foram aprofundadas o suficiente para alterar o regime de propriedade capitalista. Isso só seria possível com a expropriação da burguesia brasileira. Contudo, Brizola e seu cunhado, ambos estancieiros, representavam os interesses das grandes elites gaúchas. Assim, Brizola contribuiu para que as burguesias, junto com o imperialismo, ganhassem tempo, se articulassem e deflagrassem o golpe.

Com a crise da ditadura, no final dos anos 70, retornou ao Brasil e tentou retomar a influência do populismo no movimento operário, mas esbarrou num forte movimento dos trabalhadores, iniciado com as greves do ABC.

Em 1982, foi eleito governador do Rio de Janeiro. Apesar de dizer que estava ao lado dos trabalhadores, reprimiu greves e protestos.

No Fora Collor, defendeu escandalosamente o presidente. Nos últimos anos de sua vida, rompeu com o governo petista de Lula, afirmando, corretamente, que ele era apenas uma continuidade de FHC. Entretanto, estava tentando construir uma aliança com os mesmos partidos (PFL e PSDB) que aplicaram a cartilha do FMI no Brasil. Além de propor um partido com o PPS, de Ciro Gomes, e o PTB, de Roberto Jeferson.

Morreu Leonel Brizola. Mesmo reconhecendo sua intensa participação na vida política nacional, essa morte não é nossa. Não é de alguém comprometido com a luta dos trabalhadores brasileiros.

Post author Jeferson Choma, da redação
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