Roosevelt Cássio/SindMetalSJC
Redação

Enquanto fechávamos a última edição do Opinião Socialista, a Câmara dos Deputados se preparava para enterrar mais uma denúncia contra Temer e sua quadrilha. O governo não economizou para comprar deputados, agradar ruralistas, banqueiros e empresários. Calcula-se que foram torrados mais R$ 12 bilhões nessa empreitada, além da liberação de mais de R$ 800 milhões em emendas aos deputados.

Para a bancada ruralista continuar fiel ao governo, Temer baixou uma portaria acabando com a fiscalização sobre o trabalho escravo, além de liberar multas ambientais, que foram convertidas a prestação de serviços. Segundo o Ibama, existem R$ 4,6 bilhões em multas não pagas, especialmente por ruralistas. Mais um pouco, Temer vai revogar a Lei Áurea.

Mas o governo não vai cair. Não que seja forte, mas porque a burguesia e também os principais partidos de oposição não querem derrubá-lo. Há um acordão para manter Temer, que vai de PMDB, DEM e PSDB até PT e PCdoB. O PSOL, na oposição, não vai além do jogo parlamentar. Só pensa em ganhar votos.

Brasília – O plenário da Câmara se reúne para votar a segunda denúncia apresentada pela PGR contra Temer. Os deputados irão decidir se autorizam o STF a investigar o presidente e os ministros (José Cruz/Agência Brasil)

Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), da base do governo e amigão da oposição, disputam quem pode garantir mais reformas liberais contra o povo. Já a suposta oposição, faz jogo de cena. Finge ser contra, mas não move uma palha para mobilizar quem efetivamente pode derrotar as reformas. Como se não bastasse, culpam o povo, que, supostamente, não estaria com disposição de luta.

Matei o presidente
Há muita indignação, fome, greves, desobediência civil e de tudo um pouco. As cúpulas das maiores centrais, porém, movimentos sociais, como MST e MTST, e os partidos que interagem com essas entidades e organizações, como PT, Solidariedade e PCdoB, atuam em prol das eleições de 2018. Fazem muito pouco ou praticamente nada para mobilizar suas bases de maneira unificada.

O novo rap de Gabriel, o Pensador “Tô Feliz (matei o Presidente) 2”, reeditando e adaptando ao “Fora Temer” uma música feita para o “Fora Collor”, teve mais de 1,5 milhão de acessos em três dias. Na música e no vídeo, o povo unido (os 97% que estão contra Temer e o Congresso) quer botar para fora tudo isso aí.

As greves operárias, como a da Mitsubishi, em Catalão (GO), ou da Unilever, em Vinhedo (SP), são fortes, corajosas e vão impedindo por baixo a barbárie total, apesar das cúpulas e dos partidos eleitoreiros. As greves de professores e servidores não param, defendendo os serviços públicos.

Os integrantes do Ministério Público e dos magistrados do Trabalho, bem como do Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho, declararam que a reforma trabalhista é inconstitucional e, portanto, não vão aplicá-la, em atitude de desobediência civil. Os auditores fiscais da Receita Federal, por sua vez, já estão fazendo greves e vão à greve por tempo indeterminado em 1° de novembro.

O dia 10 tem que ser pra valer
O dia 10 de novembro será um dia de paralisação e manifestações que, se as centrais quiserem, pode ser convertido num dia de greve geral, tal como foi o 28 de abril, que impediu, no início do ano, a reforma da Previdência. Lembremos que a puxada de tapete da cúpula das centrais, impedindo a greve geral marcada para 30 de junho deste ano, permitiu ao governo aprovar a reforma trabalhista.

Agora, Temer, empresários, banqueiros, agências de risco (consultoras de especuladores), Rodrigo Maia, o ministro-banqueiro da Fazenda, Henrique Meireles, e toda a mídia, estão dizendo que vão colocar em votação, ainda este ano, a reforma da Previdência. Querem aprovar a idade mínima de 65 anos, arrebentando com a única e verdadeira política social existente no país.

Falam que será uma reforma enxuta. Não é verdade. Se aprovarem a idade mínima e o novo cálculo, farão todo mundo se aposentar aos 70 com metade do salário.

Não há silêncio inocente
O impressionante é o silêncio da cúpula das centrais e dos ditos partidos de oposição sobre o assunto (incluindo o PSOL). Ao mesmo tempo, o dia 10, votado como dia de paralisação e luta pelo Brasil Metalúrgico e encampado pelas maiores centrais, não está sendo construído por eles na base. Se fizerem como no 30 de junho, quando desmontaram a greve e ajudaram a aprovar a reforma trabalhista, as cúpulas dessas centrais estarão enfiando uma faca nas costas dos trabalhadores mais uma vez.

Lula e o PT dizem que fariam referendo para ver se o povo aprova ou não essas reformas. Conversa fiada! Quem pode derrubar essa reforma é o povo nas ruas e uma greve geral. Não é necessário referendo nenhum para saber que 97% da população é contra esse ataque à aposentadoria. Não há nenhuma garantia de que o PT revogue reforma alguma se for governo. A hora é agora. É hora de ir à luta!

Preparar o dia 10 pela base
Os ativistas devem chamar os sindicatos de todas as centrais a organizarem pela base um grande dia de paralisação e manifestações de massas, o dia 10, contra as reformas da Previdência e trabalhista, o desemprego, as terceirizações, as privatizações e em defesa dos serviços públicos.

Exija assembleia no seu sindicato. Forme um comitê de luta no seu bairro. Exija que as centrais rompam o silêncio. Bote a boca no trombone contra a reforma da Previdência e construam o dia 10. Vamos parar o Brasil!