A Jornada Internacional contra a Guerra e a Ocupação do Iraque – convocada a partir da Assembléia de Movimentos Sociais do Fórum Social Mundial de Caracas, Venezuela, em janeiro – assumiu diferentes expressões ao redor do mundo neste 18 de março. Já passaram-se três anos desde o início das hostilidades militares ao país, quando milhões de manifestantes saíram às ruas de todo o planeta exigindo o fim da guerra e, logo depois, da ocupação militar sustentada pela junta militar golpista formada à época por EUA, Inglaterra, Espanha, Itália e outros países.
Neste ano, mais de 100 mil manifestantes foram às ruas de Londres, convocadas pela coalizão “Stop the War”, para protestar contra a ocupação do Iraque e as ameaças ao Irã. O grande protesto – bastante animado e combativo, com expressiva presença da juventude – também denunciou a responsabilidade do primeiro-ministro Tony Blair, que foi acusado de “criminoso-de-guerra”. A manifestação foi composta por diferentes tendências, desde pacifistas e anticapitalistas até o ex-oficial militar e objetor de consciência Ben Griffin. “As pessoas de todo o país podem sentir que a sentença do criminoso-de-guerra´ Tony Blair está próxima”, disse George Galloway – da plataforma político-eleitoral “Respect” – à imprensa londrina. Sheik Zagani – porta-voz da oposição iraquiana, membro da organização Moqtada al-Sadr e clérigo xiita – saudou o apoio da população inglesa durante a passeata de Londres e, em especial, a presença das famílias de militares mortos. “Eu envio minhas condolências em nome da maioria do povo iraquiano às famílias de soldados que perderam suas vidas nesta guerra injusta”, disse Zagani.
Na Espanha, as maiores manifestações reuniram cerca de 5 mil pessoas, em Madri e Barcelona, sob convocatória da plataforma “Paremos la Guerra”. Na capital da Catalunha a faixa de cabeceira exibia os dizeres: “Fora todas as tropas: não à ocupação do Iraque e da Palestina”. O povo espanhol – que conquistou a primeira grande vitória do movimento antiguerra, ao arrancar a retirada das tropas espanholas do recém-eleito Felipe Zapatero – voltou às ruas exigindo a saída da Otan, o fim das bases militares norte-americanas no Estado espanhol e a retirada das tropas espanholas do Afeganistão e Haiti. Ainda em Barcelona, a escritora iraniana Nazanine Anirian e o jovem Osama Tatou – recentemente liberto de uma injusta detenção sob aplicação da “lei antiterrorista” – leram moção contra a utilização de aeroportos espanhóis para o traslado de prisioneiros do Iraque. Já em Madri, as palavras-de-ordem lideradas pela Corrente Vermelha encontram bastante eco na manifestação: “Capitalismo humanitário, esse é o conto do Fundo Monetário”; “Guerras imperiais, todas criminais”; “A guerra mata em Nova Orleans”; “O ianque necessita, xarope vietnamita”.
As manifestações nos centros imperialistas não chegaram a repetir as cifras multitudinárias de 2003 – que levaram 2 milhões de pessoas às ruas em Londres e mobilizaram mais de 1,5 milhões em Barcelona, por exemplo – mas expressam o claro repúdio da população ao que uma faixa em manifestação européia descrevia como o “Guantánamo global”.