Brigada do Acre encarou a Transamazônica
Ana Paula Machado

Passados sete meses do congresso de fundação do PSTU, era preciso que o partido tivesse diretórios em um terço das cidades de 16 estados do Brasil. Para garantir isso, foram formadas várias brigadas de companheiros e companheiras de todos os estados do país. A brigada José Luiz e Rosa Sundermann partiu para o Acre no dia 3 de janeiro. O nome da brigada, que também foi escolhido por outras, era uma homenagem aos camaradas assassinados brutalmente uma semana depois de fundado o partido.

Foram 60 horas dentro de um ônibus que partiu da rodoviária do Tietê em São Paulo. Desembarcamos na madrugada de 6 de janeiro em Rio Branco. Foram 30 dias no Acre. Além da tarefa de legalizar o partido, que foi vitoriosa, passamos por Brasileia, cidade no interior do estado, a 200 quilômetros de Rio Branco percorridos em 16 horas pelo ônibus local, pois as chuvas de inverno destroem as estradas de terra. No Acre, faz calor o ano todo. Por isso, a época das chuvas – os primeiros meses do ano – é chamada de inverno.

Brasileia faz divisa com Cobija, capital de Pando, um estado Boliviano. A divisa é o rio Acre, que atravessamos de barco, pagando algo em torno de R$ 0,50. O momento mais emocionante foi quando chegamos à colocação de Osmarino Amâncio, nosso guia pelo Acre. Colocação é o nome dado às terras dos seringueiros que ficam dentro da floresta amazônica.

Após caminharmos por mais de cinco horas pela floresta amazônica, chegamos à sua casa. Lá realizamos uma reunião com cerca de 30 seringueiros que haviam sido convocados pela rádio da cidade de Brasileia. Após uma semana na floresta, voltamos a Brasileia. Cumprido o nosso objetivo de legalizar o PSTU em cinco cidades, nos encontramos em Rio Branco. A partir daí, nos reorganizamos, pois alguns companheiros tiveram que voltar para suas regionais, um grupo ficou em Rio Branco para dar entrada no cartório local e encararmos mais 40 horas de viagem até Campo Grande, onde ajudamos na legalização no Mato Grosso do Sul. Ficamos mais 30 dias nesse estado.

Alguns dias depois que partimos para o Acre, outra brigada também foi para lá, indo a outra região. Fomos nos encontrar somente ao final dos 30 dias, quando as brigadas retornaram a Rio Branco.

O PSTU organizou cerca de 20 brigadas que percorreram todo o país. Vale ressaltar que esta foi uma campanha vitoriosa do conjunto do partido, pois a companheirada que não participou das brigadas ficou responsável por garantir a arrecadação financeira, que foi fundamental para essa empreitada. Conquistamos nossa legalidade e pudemos, nesses quinze anos, utilizá-la para defender os interesses da classe trabalhadora sem cairmos no canto de sereia da democracia burguesa.