Uma onda de greves e mobilizações está sacudindo a capital potiguar nos últimos dias. Na última semana, em Natal (RN), duas categorias do setor da administração indireta deflagraram greve. Os trabalhadores do Detran, órgão responsável pelo trânsito e registros de veículos, paralisaram suas atividades na última semana. Eles conseguiram arrancar uma promessa de concurso público e de Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS), mas ainda mantêm o estado de greve e prometem retomar o movimento caso não sejam atendidos. Já os trabalhadores da Emater, órgão que trata da fiscalização agropecuária, continuam de braços cruzados. O sindicato, ligado à Intersindical, avalia que 80% da categoria esteja paralisada.

É forte também a greve dos trabalhadores da Previdência Social (INSS), que – seguindo um calendário nacional – dura mais de uma semana. A categoria reivindica um PCCS e está lutando contra um ataque brutal do governo Lula, que retirou uma gratificação de 84% incorporada judicialmente e pretende obrigar a categoria, que tem jornada de seis horas, a cumprir uma jornada de oito, sob a ameaça de reduzir o salário daqueles que não aceitarem.

A categoria dos rodoviários – responsável pela esmagadora parcela do transporte público na cidade – também cruzou os braços desde a última terça-feira, 23. A cidade praticamente parou. O sindicato da categoria, filiado à CTB, que reivindicava 17,5% de reajuste salarial desde 1º de maio, baixou a proposta para 12% e ainda assim não houve nenhuma sinalização dos empresários do transporte – que lucram com os mais de 300 mil usuários por dia que são transportados em Natal a um valor de R$ 1,85.

O clima de lutas que já não está favorável aos patrões e governos tende a se acirrar. Os trabalhadores ferroviários confirmaram nesta quinta-feira, 25, o início da greve da categoria por tempo indeterminado. A categoria, que reivindica reajuste de 12,9%, recebeu como resposta da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) uma proposta de 4% e, após três rodadas, não houve acordo. Com a greve, o sindicato afirma que apenas dois trens circularão durante todo o dia.

Patrões, governos e imprensa burguesa unidos
Diante do colapso gerado pela greve dos rodoviários e ferroviários, a prefeita Micarla de Sousa (PV) assinou um decreto autorizando ônibus fretados e táxis de lotação a circular pela cidade até o fim da greve. Esta é uma medida que, além de garantir a farra para outro setor empresarial dos transportes, tem um caráter populista, objetivando enganar a população com um discurso de que a prefeita está “preocupada em resolver o problema”, enquanto os culpados pelos transtornos gerados pelas greves são dos trabalhadores.

Já a governadora Vilma de Faria (PSB), afirmou através dos diretores de órgãos da administração indireta que as greves não são legítimas e ameaça cortar gratificações e o ponto dos grevistas.

Os empresários dos transportes já deixaram claro que querem jogar a crise nas costas dos trabalhadores. Mesmo com os lucros exorbitantes fruto do alto valor da tarifa e da bilhetagem eletrônica que reduziu custos e demitiu trabalhadores, os patrões dizem cinicamente que “o momento de crise não permite aumento de salários nem conquistar novas coisas”.

A imprensa burguesa local, ligada a partidos de direita e aos governos municipal e estadual, tenta, em pânico, criminalizar as greves e isentar os patrões e governos da responsabilidade que têm pelas péssimas condições de vida dos trabalhadores. Todos os noticiários e jornais impressos tentam capitalizar a insatisfação de um setor da população para fazer a onda de greves refluir.

Unificar as lutas para enfrentar os inimigos da classe
O PSTU tem participado ativamente das greves e das mobilizações. Seja através da solidariedade dos militantes, seja com a participação efetiva nas categorias e nas direções dos sindicatos, o partido está construindo as atividades e fazendo um chamado a todas as categorias para politizar e unificar as lutas. Afinal, todas estas greves e mobilizações são expressões do enfrentamento que as categorias estão construindo para que a crise não seja paga pelos trabalhadores.

O diretor do Sindicato dos Ferroviários e militante do PSTU, Cherlinton Saraiva, levanta a importância que têm essa tarefa. “Estão todos unidos contra dos trabalhadores: Micarla, Vilma, Lula, patrões e imprensa burguesa. Nossa tarefa agora é unificar e potencializar as mobilizações, realizando atividades unitárias de todos os trabalhadores em luta. É importante fazer esse chamado à Intersindical e à CTB, pois isso dará mais fôlego para enfrentarmos nossos inimigos e conquistarmos nossas reivindicações imediatas e históricas”, afirmou.