Redação

No próximo dia 18 de outubro começa o julgamento de Sebastián Romero, Daniel Ruíz e Cesar Arakaki, ativistas sociais da Argentina e perseguidos pelas autoridades do país desde dezembro de 2017. Sebastián Romero e Cesar Arakaki estão presos aguardando o julgamento. Já Daniel Ruíz foi libertado após mais de um ano preso e também aguarda julgamento.

Todos esses ativistas foram presos e perseguidos por participarem de um grande protesto, em 18 de dezembro de 2017, contra a reforma da Previdência do então governo Macri. Suas prisões são parte do processo de criminalização das lutas e dos lutadores no país.

Sebastián Romero, que é militante do PSTU argentino, foi preso em junho de 2020. Após uma intensa campanha, dentro e fora do país, conquistou o direito à prisão domiciliar, em agosto do mesmo ano. Ele continua sendo um prisioneiro político, mas agora sob o governo de Alberto Fernández.

O ativista ficou conhecido no país por uma foto que viralizou na internet. Nela, ele estava segurando um rojão usado contra a repressão policial. “Eu estava me defendendo com um foguete vendido livremente, a polícia estava armada com balas de borracha, gases lacrimogêneos, motos, caminhões lança-água. A relação de forças era muito diferente”, explicou. Sebastián ainda diz que ele e outros ativistas tentavam “frear a repressão, porque estávamos encurralados, sem saída para nenhum lado”.

Naquele 18 de dezembro, a brutal repressão policial deixou centenas de feridos, e dezenas de manifestantes foram presos. As prisões e perseguições foram acompanhadas por uma imensa campanha midiática que associava os lutadores a criminosos. Sebastián chegou a ser chamado de terrorista pela imprensa burguesa, enquanto sua imagem viralizava. No entanto, ela também ganhou a simpatia da população, que viu na imagem uma legítima ação de autodefesa. Em julho deste ano, a Câmara Federal de Buenos Aires recusou-se a libertar Sebastián.

Já Daniel Ruiz, também militante do PSTU Argentina, foi preso em

Brutal repressão do governo Macri à manifestantes que lutavam contra a reforma da previdência.

2018 e acusado de acobertar Sebastián Romero. O objetivo, como ele mesmo explica, foi torná-lo “refém do Estado” para que Sebastián se entregasse. Graças a uma campanha internacional, foi libertado quase 13 meses depois de ser preso.

 

Ato unitário

Os ativistas que enfrentam julgamento no dia 18 estão sendo usados pela burguesia como exemplo. “Ousem lutar pelos seus direitos que o seu destino será a prisão”, esse é o recado. Por isso querem condená-los.

Esse temor da burguesia cresce proporcionalmente ao aumento da fome, da miséria e inflação no país. A burguesia sabe que, após as eleições, terá que aplicar seus acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que vai resultar em um profundo ataque aos trabalhadores.

O julgamento, denunciam os advogados dos ativistas, está repleto de vícios a serviço da Promotoria, chefiada por Juan García Elorrio e autorizada pelo juiz Javier Ríos. Para se ter uma ideia, o juiz permitiu a apresentação de mais de cem testemunhas, em sua maioria policiais, enquanto aceitou apenas duas testemunhas para a defesa. E apesar de todas essas irregularidades, a justiça do país não foi capaz de mostrar uma prova que determinasse a culpa dos ativistas.

Por isso tudo, no dia 18 haverá uma grande mobilização unitária pela libertação e absolvição dos presos políticos e de todos os ativistas que têm o direito de protestar, contra a criminalização e a defesa dos seus direitos.

Em nota, o PSTU argentino afirma que não espera absolutamente nada de bom da justiça. “Longe de defender os trabalhadores, ela existe para acobertar os interesses do poder”, explica o partido.

“Vamos continuar impulsionando a auto-organização dos setores em luta e a necessidade de nos defendermos da repressão do Estado por meio de suas forças de segurança, como fizemos em 18 de dezembro de 2017”, explica o partido.

A organização defende que a luta é o único caminho para os trabalhadores resistirem contra os ataques. “Precisamos nos organizar para termos terra, direito a uma casa, ter alimentos, combater a violência machista e impedir o saque de nossos recursos naturais.” A nota do partido finaliza exigindo a libertação de todos os presos políticos no país e a anulação de todos os processos que criminalizam a luta social.

“Enquanto empresários e corruptos passam seus dias tranquilos esperando por uma sentença de julgamento, os lutadores são primeiro presos, e só muito depois a sentença será conhecida. Ninguém vai devolver os dias de prisão desses ativistas, mas nenhum trabalhador se esquecerá disso, e logo a classe operária fará justiça popular contra todos os responsáveis políticos e policiais”.