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A aldeia Laranjeira Nhanderu, localizada no município de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, sofreu mais episódios de violência, nos dois primeiros dias de 2020.

Na madrugada de quarta-feira, dia 1º de janeiro, foi incendiada uma Casa de Reza. Já na madrugada de quinta-feira (2), homens não identificados atacaram os indígenas a tiros e invadiram algumas casas esvaziadas pela fuga de seus moradores.

Segundo matéria publicada pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), de acordo com uma liderança dos povos indígenas da região, o ataque foi promovido a mando de fazendeiros, usando os pistoleiros para cometer o crime em local sagrado. “A Casa de Reza é um símbolo para o nosso povo, é muito importante para a gente, nossos rezadores, nossa vida espiritual e aqui na terra. Não é a primeira vez que incendeiam uma Casa de Reza nossa“, explica a liderança da Aty Guasu (conselho de lideranças indígenas).

Segundo a matéria do Cimi, os indígenas acreditam que no incêndio e no ataque da noite seguinte havia a participação de dois a quatro homens, apesar de não saberem se são os mesmos indivíduos.

No ataque a tiros, uma Guarani Kaiowá disse que os homens andaram entre os barracos e gritavam para que eles deixassem o local ou então “todos vão morrer”. Gritaram também xingamentos racistas enquanto atiravam.

Querem acabar com a gente, matar. Entram nas casas, vasculham estrada. Estamos de guarda aqui e ver o que fazer se aparecer de novo“, disse a indígena.

No ataque a tiros, uma Guarani Kaiowá contou que os homens andaram entre os barracos e gritavam para que eles deixassem o local ou então “todos vão morrer”. Gritaram também xingamentos racistas enquanto atiravam.

A área atacada havia sido retomada pelos indígenas no mês de outubro de 2018, na sede da Fazenda Santo Antônio da Nova Esperança, que já está sob a posse dos Guarani Kaiowá desde 2007, quando diversas disputas de terra no local e na Justiça tiveram início.

No local, cerca de 80 indígenas vivem em barracos sem acesso à energia elétrica ou à água encanada e sobrevivem de trabalhos precários e da cesta básica distribuída pela Funai (Fundação Nacional do Índio).