vagão do BRT (ônibus de transito rápido), na cidade do Rio de Janeiro. Foto: Yan Marcelo Carpenter
Cyro Garcia, Presidente do PSTU-RJ

A população do Rio de Janeiro, em especial das regiões periféricas, não aguenta mais a situação caótica do transporte público. Apesar de pagar umas das passagens mais caras do país tem um sistema de transporte completamente sucateado.

É pouco divulgado, mas existe um projeto que foi desenvolvido no início dos anos 70 pela Secretaria de Transporte do Rio de Janeiro, que se fosse implementado, o metro atenderia regiões como Niterói, São Gonçalo e várias regiões da Baixada Fluminense. No entanto, o lobby das montadoras e os esquemas entre os políticos e empresários do setor levou a que se priorizasse um modelo de transporte público utilizando o modal rodoviário.
Nunca tivemos um sistema de transporte que atendesse todas as regiões, entra governo e sai governo e a situação só piora, mas foi no governo de Sergio Cabral e Eduardo Paes que a situação piorou consideravelmente. Foi montado um grande esquema de corrupção com repasses de milhões de reais dos cofres públicos para a máfia das empresas de ônibus. Foi assim que se formaram os consórcios que lotearam as linhas de transportes do Rio e o sistema BRT que das promessas feitas na época. Hoje sobram reclamações.

Quando o esquema envolvendo Sergio Cabral e os empresáriosdo setor foi descoberto começou a ruir o castelo de cartas, as empresas que eram regadas com dinheiro público foram a falência, e boa parte das que não faliram estão em recuperação judicial. As consequências para população não demoraram para serem sentidas.Milhares de trabalhadores do setor perderam seus empregose centenas de linhas simplesmente deixaram de existir do dia para noite, o que tornou a vida da população ainda mais difícil.

O BRT que teve sua obra iniciada em 2015 e tinha previsão de terminar em 2017 ainda não foi concluída. O valor de contrato da obraque já era superfaturado, estava estimado em R$ 1,41 bilhão, até junho deste ano já tinha consumido R$ 1,53 bilhão e tem uma previsão de investimentos de mais R$ 361 milhões que serão financiados com dinheiro público vindos do BNDS e pela Caixa.

Diante do caos a prefeitura reassumiu o controle do BRT, e assim como fez da primeira vez, irá investir milhões do dinheiro público e dará de bandeja para o setor privado, como já comprovado não tem nenhum compromisso com transporte público de nossa cidade.

É possível um transporte público barato e de qualidade?

Essa é a pergunta que a maioria da população tem feito. Qual a saída para superar e acabar com esse sufoco todos os dias?

O grande problema é que tudo dentro deste sistema econômico, o capitalismo, tem que estar a serviço do lucro e com o transporte público não é diferente. Em certas regiões as linhas de ônibus somem simplesmente porque não dão lucro. É preciso inverter essa lógica, para isso é preciso que todas as empresas de transporte público estejam nas mãos do Estado, mais do que isso, é preciso que estejam sob o controle dos trabalhadores. Só assim as empresas não serão usadas para esquemas de corrupção como a que ocorreu com Sérgio Cabral. É preciso investimentos massivos para recuperação e extensão das linhas de metrô e trens.

Com um sistema de transporte que esteja a serviço da população e não de meia dúzia de empresários e políticos é possível ter um transporte público que gere milhares de empregos e ao mesmo tempo seja barato e de qualidade e que ofereça gratuidades para estudantes, idosos e desempregados.