Cerca de cinco mil pessoas foram às ruas na capital paulista para marcar o Dia Internacional de Luta da Mulher. O ato unificado reuniu várias organizações estiveram presentes, como a CSP-Conlutas, CUT, partidos como PSTU, PSOL, PCdoB e PT. A coluna do Movimento Mulheres em Luta, da CSP-Conlutas, se destacou na manifestação. Na coluna estiveram presentes representantes do sindicato dos metroviários de São Paulo, da ANEL e o Quilombo Raça e Classe.
A manifestação começou pela manhã na Avenida Paulista. Nem a forte chuva que caiu na capital paulista desanimou as ativistas que seguiram em passeata até a Praça Roosevelt.
Nenhum direito a menos!
Entre as reivindicações do movimento estavam a destinação de 1% do PIB para as políticas de combate à violência, creches públicas, a revogação das MPs 664 e 665 (que atacam direitos como o PIS e o seguro desemprego) além de salário igual para trabalho igual.
“Neste 8 de março, temos que estar unidas contra uma série de ataques que estamos sofrendo. Ataques como o aumento das tarifas, o aumento da violência, a retirada dos direitos, e falta de água em São Paulo”, explica Silvia Ferraro, do MML. “Impeachment não é a solução, mas apoiar o governo Dilma também não é. Nós do MML fazemos um chamado a todas as organizações, como a Marcha Mundial das Mulheres, para que rompa com este governo e construamos um campo da classe trabalhadora, para organizar um dia nacional de lutas em nosso país, contra a MPs 664 e 665”, completou Silvia.
“Cortando as pensões por morte, cortando o seguro desemprego, o governo atinge em cheio as mulheres e os mais pobres”, falou Ana Luiza, em nome do PSTU. “Nós também queremos exigir do governo Dilma o investimento de 1% do PIB para o combate a violência machista. Não existe nenhuma possibilidade de acabar com essa violência se não houver investimento”, finalizou.
Haiti presente!
Um dos destaques foi a delegação de mulheres haitianas que participaram do ato junto à coluna do MML. As mulheres da Associação dos Imigrantes Haitianos, criada com o apoio da CSP-Conlutas, foram ao protesto denunciar a ocupação militar no seu país, liderada pelo exército brasileiro, que provocou um verdadeiro tsunami migratório. No Brasil, vieram 40 mil refugiados, homens em sua maioria, mas também mulheres, jogados à falta de moradia, à precarização, ao trabalho (semi) escravo.
“A ocupação do Haiti massacra centenas de milhares de mulheres haitianas. Seja com estupros, casos de violência, até não garantindo saúde, água e saneamento. É uma guerra imposta ao Haiti para supre-explorar a mão-de-obra negra haitiana”, denuncia Tamires Rizzo, do Quilombo Raça e Classe.
O bloco foi marcado pela presença das mulheres negras que lembraram a resistência de várias mulheres como Dandara, Luiz Mahin e Cláudias, Betes. “As mulheres negras são 66% das vítimas de violência contra a mulher”, lembra Tamires.
Outro destaque da marcha foram as críticas ao ultraconservador Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara dos Deputados e autor de uma série de declarações machistas e homofóbicas.