No 8 de março, o PSTU saúda a todas as trabalhadoras que protagonizaram as principais mobilizações ocorridas no início deste ano. As metalúrgicas que participaram das greves da Volks (ABC-SP) e da General Motors (São José dos Campos – SP),  as operárias do COMPERJ (Rio de Janeiro) que são parte da luta pela readmissão e as trabalhadoras da educação do Paraná, que se somaram a maior  greve do Estado e estão dando uma verdadeira aula de como conquistar os nossos direitos. Saudamos também as inúmeras trabalhadoras que engrossaram os atos do dia 06 de março contra a retirada de direitos, exigindo a aplicação de 1% do PIB para o combate à violência machista e estende sua saudação a todas as trabalhadoras que fazem do seu cotidiano uma batalha diária. Essas saudações resgatam o papel que cumpre as mulheres na luta da classe trabalhadora e o verdadeiro sentido do 8 de março:  uma data de luta.

O machismo e as diversas ideologias que justificam a opressão da mulher contrastam de maneira gritante com a forte presença das mulheres na produção social e nas lutas. Com avanço da decadência do capitalismo, o machismo tem sido cada vez mais utilizado para destruir o potencial, a garra, a autoestima e a iniciativa da mulher trabalhadora. É um poderoso instrumento para dividir nossa classe, colocando homens e mulheres trabalhadoras em lados opostos. Por isso, o PSTU acredita que é fundamental combinar a luta contra o machismo com a luta contra a exploração. Esta deve ser uma tarefa de toda nossa classe, afinal, não se pode falar em liberdade quando isso significa a opressão de outros.

As trabalhadoras não podem pagar pela crise! Um programa contra a opressão e a exploração!
A situação do país se agrava com a crise econômica internacional. As trabalhadoras estão sentindo no bolso o aumento do preço dos alimentos, das tarifas de transporte e energia elétrica. A situação fica ainda mais complicada com a falta de água nas principais capitais do país. Com a retração na economia, as indústrias começaram a demitir e o número de demitidos somente não foi maior por conta da greve e resistência dos trabalhadores.

No mês de março, o presente do governo Dilma às mulheres trabalhadoras foram as medidas provisórias 664 e 665. Elas estão em vigor desde o dia 2 de março e mudam as regras dos benefícios para dificultar acesso ao seguro-desemprego, ao PIS, à pensão por morte e ao auxílio reclusão. Com isso, haverá uma economia de 18 bilhões reais, que serão utilizados no pagamento da dívida pública. Segundo a presidenta, em entrevista à imprensa no dia 25 de fevereiro, os ajustes foram feitos por ela tal como uma dona-de-casa faz os ajustes para garantir a manutenção da casa.

Uma vez que as mulheres são a maioria das que recebem salário-mínimo, a dificuldade para fechar o orçamento é realmente muito grande, mas quem sabe a dureza da vida não tira da boca dos filhos para entregar a um terceiro que vai continuar explorando cada vez mais. Foi justamente isso que Dilma fez: vai deixar milhares de trabalhadores e trabalhadoras sem PIS ou seguro-desemprego para dar aos banqueiros e empresários, que continuarão explorando nosso país.  É inadmissível que no governo da primeira mulher presidenta do país, as mulheres continuem apenas sendo vistas como boas administradoras do lar e que os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras sejam rifados para garantir os lucros do patrão. A opção política do governo Dilma em seguir pagando a dívida, comprometendo metade do orçamento do país é o que faz com que não tenha dinheiro suficiente para investir em saúde, educação e muito menos para o combate à violência contra a mulher.

A defesa da mulher trabalhadora passa por defender os interesses de nossa classe de conjunto e inverter as prioridades.  A desigualdade salarial e a negativa de direitos às mulheres rebaixa de conjunto as condições de vida de todos os trabalhadores. A ausência de creches e garantia do direito ao exercício da maternidade afeta a todos as mães e pais. A violência doméstica, o feminicídio e a proibição do aborto legal tem levado à morte, todos os dias, de mulheres de nossa classe. Um programa contra a opressão e a exploração deve exigir a suspensão do pagamento da  dívida pública e maior investimento para atender as demandas das mulheres trabalhadoras, bem como um programa que não jogue a crise nas costas dos trabalhadores e das trabalhadoras. Por isso defendemos:

  • Revogação das MPs 664 e 665
  • Retirada do PL da terceirização – 4330
  • Contra a carestia: redução e congelamento dos preços da cesta básica e das tarifas
  • Nenhum corte nas verbas sociais e da saúde e educação
  • Redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários
  • Demitiu, parou! Não às demissões. Estabilidade no emprego
  • Aumento geral dos salários dos trabalhadores! Salário igual para trabalho igual! E redução dos salários dos deputados e dos políticos no país todo!
  •  1% do PIB para combater a violência contra a mulher! Aplicação e Ampliação da Lei Maria da Penha!;
  • Creches de qualidade, pública, gratuitas e estatais, com funcionamento 24 horas.; – Anticoncepcionais para não abortar, aborto legal seguro e gratuito (feito pelo SUS) para não morrer!

 

PT, PSDB e PMDB de Eduardo Cunha não nos representam. Unir a luta das mulheres e homens trabalhadores para construir uma alternativa classista e independente dos patrões.
Aliada à crise econômica, o país vive também uma forte crise política. A lista da operação lava-jato, publicada às vésperas do 8 de março, demonstra que a maioria dos  partidos que estão no congresso, tanto da base aliada quanto da oposição de direita, estão envolvidos em denúncias de corrupção. O que demonstra pouca diferença entre eles no que diz respeito ao financiamento de campanha e o uso do dinheiro público para isso.

Em relação à defesa dos interesses das mulheres trabalhadoras, O PT abandonou suas bandeiras históricas. O PSDB afundou o país em privatizações, não assegurando o direito mínimo das mulheres. O PMDB de Eduardo Cunha representa o que há de mais reacionário e conservador no congresso. Ele já declarou que não encaminha nenhum projeto que avance na legalização do aborto e que pretende propor a revisão na lei que garante as poucas condições de aborto legal, bem como defende retrocessos em medidas que reconhecem as relações homoafetivas.

Não podemos esperar nada desses partidos e do Congresso Nacional. A luta das mulheres trabalhadoras terá seu destino cruzado pela luta mais geral da classe na busca pela construção da greve geral para defender nossos direitos e também de uma alternativa independente dos patrões para nosso país. O 8 de março é parte da construção dessa luta.

Construir o  socialismo para conquistar a completa libertação das mulheres
Passados mais de 100 anos do 8 de março, houve um massivo  aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e nas lutas por seus direitos, que asseguraram importantes conquistas. Mas igualdade de fato não foi e nem será assegurada no sistema capitalista. Enquanto a sociedade seguir dividida entre exploradores e explorados, haverá oprimidos e opressores. É necessário lutar contra toda forma de opressão e exploração nas lutas cotidianas, mas é fundamental termos como estratégia para travar tais lutas a serviço da emancipação das mulheres, o que só poderá se dar com a destruição do capitalismo e a construção do socialismo.