Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre faz seu primeiro Congresso de 23 a 26 de junho, no RioDois anos após a sua fundação, a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre realiza do dia 23 a 26 de junho o seu primeiro congresso, que deve reunir no Rio de Janeiro até dois mil estudantes de todo o país. Serão quatro dias de intensos debates que deverão refletir temas que vão da luta em defesa da educação no Brasil ao protagonismo da juventude nas revoluções árabes e nas rebeliões na Europa.
O Portal do PSTU conversou com Clara Saraiva, da Comissão Executiva Nacional da ANEL, que falou do processo de preparação do Congresso e os principais objetivos colocados para os estudantes brasileiros nesse momento.
Portal do PSTU – Como foi o processo de preparação para o congresso da ANEL?
Clara – A preparação foi muito boa, fomos muito surpreendidos ao longo de todo esse processo, que se deu em base a três grandes temas: a luta contra o PNE do governo, o Plano Nacional de Educação; a luta contra a homofobia, tantos nas escolas e universidades como na sociedade em geral; e a solidariedade ativa às revoluções árabes, em que toda a juventude teve um papel fundamental. Então, com base nesses temas em que a entidade se engajou nesses meses, foi aparecendo muita gente interessada em participar do congresso e da ANEL.
E qual a expectativa de participação?
Nossa expectativa foi crescendo à medida que avançava todo o processo de discussão e preparação do congresso. Nosso congresso deve contar com algo em torno de 1800 a 2 mil estudantes, sendo pelo menos 1500 delegados eleitos em seus cursos, em suas escolas. E isso só foi possível porque esse período de pré-congresso foi aliado aos processos de lutas que se desenvolveram, como por exemplo as greves da educação nos estados, a luta dos bombeiros no Rio, e às próprias lutas estudantis. Vivemos hoje uma contradição nas universidades que é o aumento no número de vagas, mas sem que se tenha investimento. Isso gera falta de infra-estrutura, professores, que provocam uma insatisfação muito grande. Junto a isso teve o corte de 3,1 bilhões do governo na educação. Então, se desenvolvem mobilizações muito importantes, em que a ANEL está presente e se construindo.
Como foi a preparação das delegações?
Foi tudo muito intenso. Nos estados, as delegações se organizaram e se esforçaram para arrecadar recursos para poderem participar e ao mesmo tempo garantir nossa independência financeira. O pessoal organizou rifas, pedágios, festas. No Amapá, por exemplo, conseguiram R$ 20 mil. E eles ainda vão ter que fazer uma longa viagem para chegar ao Rio. São dois dias de barco e três de ônibus que os 30 participantes vão enfrentar para participarem. Saíram de lá no sábado para chegaram na quinta no Rio. É um exemplo importante, que mostra o entusiasmo que cercou toda a preparação desse congresso. Também virão importantes delegações de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão, e a expectativa é que seja muito bom.
E o que vai ser discutido no congresso?
Um dos temas principais será a luta em defesa da educação e a campanha pelos 10% do PIB. Outro aspecto importante será a participação das representações internacionais. Teremos estudantes de diversas partes do mundo, como Espanha, talvez do Egito, dos EUA, de vários países da América Latina como El Salvador, Costa Rica, marcando uma característica fundamental nossa que é o internacionalismo. Teremos também um espaço bem amplo de discussão sobre princípios que devem nortear nossa entidade, como o trabalho de base, a questão da democracia, o combate às opressões. Outra coisa importante são as mesas temáticas: teremos 10 mesas que discutirão temas como homofobia, ecologia, a questão das drogas, meio ambiente, esporte, etc. Porque achamos que não basta ter um entidade de luta e combativa, é preciso se diferenciar da UNE também em relação ao próprio funcionamento, construir um outro tipo de entidade.
O que esperar da ANEL após esse congresso?
Vamos armar uma grande campanha pela educação nesse segundo semestre, contra os cortes no Orçamento que o setor vem sofrendo do governo Dilma e seguir desenvolvendo e consolidando essa nova entidade no movimento estudantil brasileirro. Precisamos avançar na estrutura organizativa, fazer com que a ANEL tenha um funcionamento mais regular e que se fortaleça como um pólo de atração para os estudantes e a juventude que não está conformada com o mundo em que vivemos, e que querem, assim como a juventude árabe em seus países, transformar essa sociedade e construir um mundo diferente. Esperamos que esse congresso seja o pontapé inicial disso.