Unidade nas ruas no dia 30 não pode esconder diferenças da Conlutas com as centrais governistasNa semana passada, muitos ativistas se surpreenderam com a mudança no dia de luta. Até então, a Conlutas e a Intersindical convocavam o 1º de abril, e a CUT, um ato em 27 de março. Mas, diante da dimensão da luta na Embraer e da necessidade de responder a sua própria base, a CUT recuou e aceitou marcar um dia unificado, o 30 de março. A Conlutas, após consultar sindicatos e entidades, garantiu a unidade, aprovando o dia 30 em sua coordenação nacional.

A Conlutas deveria ter mantido a data original? É correto sair às ruas ao lado de sindicalistas que defendem o governo? Para o PSTU, a decisão foi correta. “Avaliamos que a data unitária é um avanço para o movimento, por permitir que as massas se sintam mais seguras para a luta num momento em que os patrões estão atacando”, afirma Zé Maria, presidente do PSTU.

Os ativistas teriam dezenas de motivos para recusar a unidade no dia 30. Poderiam apontar as traições dos dirigentes da CUT e da Força, e a defesa do governo e dos acordos. Diferenças não faltariam para justificar atos separados.

O resultado seria um desastre para a mobilização. Em vez de uma grande resposta, que pode ter impacto junto aos trabalhadores, teríamos protestos isolados e de menor impacto.

Há enormes diferenças sobre a política diante da crise. Ao contrário do que se imagina, a ação conjunta permite que essas diferenças surjam aos olhos dos trabalhadores. Os burocratas evitam a mobilização e impedem a polêmica. Sabem que com a luta a consciência dos trabalhadores pode avançar.

A Conlutas marchará junto no dia 30, mas apresentará um programa próprio. Segundo relato da última reunião, “em todas as atividades que a Conlutas participar haverá a exigência ao governo Lula de uma medida provisória emergencial que garanta a estabilidade no emprego e também a aprovação pelo Congresso Nacional da redução da jornada de trabalho sem redução dos salários”. A Conlutas também defenderá propostas para proteger os demitidos, como suspensão da cobrança de luz, gás, água, passagens e IPTU para desempregados, além de plano de obras.

As diferenças serão visíveis no dia 30. CUT, Força e CTB tentarão proteger o governo, do qual fazem parte. A CTB chegou a anunciar que, no dia 30, deve-se protestar contra a política econômica do “tucano Meirelles” (o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles). Ou seja, já em seu segundo mandato, Lula não tem nenhuma responsabilidade sobre a política econômica de seu governo.

Essas centrais farão de tudo para que a Conlutas não denuncie que o governo Lula deu dinheiro às empresas e aos bancos e nada fez pelos demitidos da Embraer. Tentarão evitar o debate sobre a reestatização. Ou que o dia 30 caminhe para uma paralisação nacional.

Há dois caminhos diante da crise. Um é o dos acordos que rebaixam diretos e salários, como fazem a Força entre os metalúrgicos de São Paulo, a CUT em Taubaté e a CTB em Volta Redonda. Outro caminho é o da luta e resistência, o da Conlutas. No dia 30, os dois caminhos estarão nas ruas, lado a lado. Na unidade de ação contra as demissões, o confronto dos projetos distintos.

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