Demissões superam o índice de contratações, provocando a extinção de 655 mil postos de trabalho, um recorde.A crise já chegou e bateu forte nos empregos. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho no último dia 19 revelam um número recorde de demissões no país referente a dezembro de 2008. Segundo registros do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), 654.946 postos de trabalho desapareceram só nesse mês. Foi o pior resultado em 16 anos.

Em novembro, o país já havia liquidado 41 mil postos de trabalho. Com o resultado de dezembro, a queda no mercado de trabalho supera até mesmo a ocorrida nos EUA, durante o mesmo período. O país epicentro da crise econômica, que enfrenta uma recessão há mais de um ano, perdeu 524 mil empregos.

Os números mostram que enquanto proliferavam as férias coletivas, principalmente nas montadoras e no setor da mineração, o desemprego não era apenas um fantasma. A marolinha do governo Lula já havia se transformado numa tempestade para centenas de milhares de famílias.

Massacre do emprego
O corte nos empregos ocorreu em praticamente todos os setores, particularmente na indústria, que mandou mais de 390 mil trabalhadores para a rua. Cerca de 160 mil só no estado de São Paulo. Em novembro a indústria já havia sofrido uma brutal retração, a maior em cinco anos, com a utilização da capacidade instalada para pouco mais de 80%.

No setor alimentício, 109 mil postos de trabalho desapareceram. Já a construção civil, um dos principais setores que, junto com a indústria, sustentou o crescimento dos últimos anos, acabou com 82 mil postos. No total, o estado de São Paulo concentra o pior resultado, com a extinção de mais de 285 mil empregos. Foram mais de 556 mil demissões só em dezembro.

De acordo com a Caged, mais de um milhão e quinhentos mil trabalhadores com carteira assinada foram demitidos em dezembro. O cadastro registra o desligamento de 1.542.245 empregados, ante um total de 887.299 contratações, contabilizando o saldo negativo de 654.946 mil empregos.

Perspectivas sombrias
Se o mês de dezembro mostrou a gravidade da crise, as perspectivas para 2009 são ainda mais sombrias. Estudo recente do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômica Aplicadas) mostrou o impacto que uma desaceleração do crescimento econômico causaria no emprego. De acordo com o instituto, somente um crescimento acima de 4% seria capaz de manter os empregos no atual nível. Aposta que poucos ousariam fazer no atual quadro.

Um crescimento de 4% deixaria ainda um saldo de 154 mil trabalhadores desempregados. Isso porque uma expansão nesse índice criaria 1,3 milhão de empregos, incapaz de absorver todos as 1,4 milhões de pessoas que devem entrar para a População Economicamente Ativa, ou seja, o grupo de pessoas com idade para trabalhar e que buscam emprego.

Um crescimento menor, de 2,5%, resultaria em 644 mil novos desempregados. Já um cenário mais pessimista, que na atual situação nem pareceria tão ruim, de 1% de expansão no ano, extinguiria mais de um milhão de postos de trabalho.

O quadro mostra a gravidade da crise econômica e a necessidade da luta pelo emprego. Revela também que isenções e subsídios do governo não asseguram os postos de trabalho. Não é por menos que a exigência de que o governo Lula edite uma Medida Provisória decretando a estabilidade no emprego seja o primeiro ponto das reivindicações impulsionadas pela Conlutas.

Clique aqui e baixe a tabela do Caged com os números do emprego no país em dezembro