Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista
O 4º encontro LGBT da UNE aconteceu no dia 14 de julho e contou com a participação de diversos movimentos sociais para discutir temas como a educação, o mundo do trabalho e os desafios para as LGBT’s no governo Bolsonaro.
Achamos que é importante debater a organização das jovens LGBT’s e pensar sobre a nossa situação perante a crise sanitária, econômica e com o governo genocida e lgbtfóbico de Bolsonaro.
Entretanto, pensamos que a proposta que os movimentos de juventude do PT e PCdoB apresentam como saída perante esse cenário para as LGBT’s é uma afronta. Esses setores apresentam como alternativa a construção de uma frente amplíssima, junto com a burguesia, como o caminho de derrotar Bolsonaro e defender nossos direitos. Mas nós já vimos aonde isso deu. As alianças do PT com os setores conservadores, como Malafaia, Feliciano, além de um absurdo por si só, e ainda mais quando se pensa nos direitos das LGBTs, foi uma das coisas que pavimentou o caminho para que surgissem figuras como Bolsonaro.
Nós apresentamos essa crítica no Encontro, e o próprio PT reivindicou isso. Achamos importante que a militância do PT reconheça que essas alianças são um atraso para a defesa das necessidades das LGBT’s. Mas isso ainda é só parte do problema. As alianças que o PT fez foram uma consequência de seu projeto. Devemos rechaçá-las, claro, mas queremos também apresentar um debate de fundo. Que é que o projeto do PT enquanto partido leva invariavelmente a esse tipo de acordo e construção política.
É por isso que a frente amplíssima não serve como alternativa. Não serviu antes e agora inclusive essa frente ampla abarcará declaradamente mais setores da burguesia, ou seja, será mais à direita. Então é ilusória a ideia de que é essa frente ampla que vai derrotar o Bolsonaro e mais ilusório ainda achar que é assim que derrotamos a direita, a ultradireita e novos Bolsonaros, Felicianos e Malafaias que possam surgir. Na verdade, a frente ampla viabiliza a dominação dos ricos, poderosos e de todos os setores mais conservadores da política. Ela ajuda todos esses a continuarem se perpetuando no poder sem nenhum tipo de questionamento.
Nós não precisamos de mais capitalismo, de mais homens brancos cis héteros burgueses decidindo os rumos da nossa vida. É por isso que o Encontro LGBT da UNE não serviu pra apontar pras LGBTs jovens e estudantes uma alternativa e nem para armar a nossa luta hoje pela derrubada de Bolsonaro. Nós precisamos de um projeto de ruptura, socialista, que se enfrente com todas essas figuras nojentas e lgbtfóbicas, e que seja a coroação da nossa luta por liberdade.
Repudiamos os ataques preconceituosos, lgbtfóbicos e gordofóbicos da UJL!
Queremos repudiar aqui também a atitude dos militantes da UJL (União da Juventude Liberal), um grupo de direita que ficou fazendo graça das falas das pessoas na mesa durante alguns debates, inclusive sendo lgbtfóbicos e gordofóbicos. Uma atitude extremamente covarde, pois não debate a fundo as diferenças políticas e só busca menosprezar e desgastar outras pessoas com ideias diferentes. Esse método deve ser combatido e repudiado dentro de qualquer instancia do movimento.
Também não aceitamos o silenciamento de nossa companheira por parte dos organizadores do evento!
Também queremos repudiar a atitude da organização de retirar uma militante do Rebeldia da sala do Zoom no debate sobre educação. Ela estava questionando como seriam as inscrições, porque isso não foi explicitado aos participantes em nenhum momento antes do encontro e queríamos ter direito à fala, mas nossa militante foi retirada do Zoom sem nenhuma justificativa por parte da organização. Não concordamos também com esse método no movimento estudantil, isso só afasta os estudantes das entidades e da luta. Nesse aspecto, achamos que o encontro abriu pouco para o debate da base dos estudantes e a forma de organização e de inscrição de falas foi extremamente antidemocrática.