Mesmo com repressão gratuita da PM, manifestantes marcharam contra a proibição da droga e a censuraMesmo mudando seu caráter após a decisão judicial que proibia a realização da marcha pela descriminalização da maconha, para um ato pela liberdade de expressão, a manifestação foi duramente reprimida pela Tropa de Choque na tarde desse 21 de maio em São Paulo. Mesmo com a PM atirando com balas de borracha e gás lacrimogêneo, o protesto acabou acontecendo.
A concentração começou por volta das 14h no vão livre do Masp, na Av. Paulista. Desde o início, a Polícia Militar acompanhou de perto a manifestação com um grande efetivo. Cerca de mil pessoas se reuniram no local para protestar contra a decisão da Justiça de calar o protesto pela descriminalização da maconha. Cartazes, faixas e panos pretos recobrindo a boca davam o caráter pacífico da manifestação.
Um grupo de 20 ativistas de ultradireita permaneceu atrás da linha da PM no Masp, tentando provocar a multidão. A provocação, porém, não teve sucesso e a manifestação continuava pacífica. A PM chegou a prender um dos ativistas contra a proibição da droga, que tinha a boca tapado por um pano preto. Nenhum policial foi capaz de informar o motivo da prisão e, sob protestos, o jovem foi levado à Delegacia de Polícia.
Repressão gratuita
Os organizadores da marcha orientavam os manifestantes a não provocarem a polícia, ou aceitarem provocação. Cartazes referentes à Marcha da Maconha tinham uma tarja preta em protesto à censura e para não dar motivo para a repressão. Mas quem disse que a polícia precisa de pretexto?
Assim que os ativistas deixavam o Masp e seguiam em passeata pela Av Paulista, a Tropa de Choque se perfilou por trás da manifestação e, pelas costas, atiraram bombas de gás e balas de borracha de forma indiscriminada. Com escudos e cassetetes corriam, batendo no escudo a fim de intimidar, e paravam. O pequeno grupo de fascistas aplaudia. Minutos depois, as cenas de barbárie se repetiam.
A repressão conseguiu dispersar um pouco da manifestação, mas centenas de jovens continuaram marchando. Primeiro pela Paulista, depois pela Consolação. Em meio à fumaça do gás lacrimogêneo, o ato terminou com cerca de 200 pessoas na Praça Sete de Abril, próximo ao metrô Anhangabaú. “A repressão não vai conseguir nos calar, amanhã vai ter outra marcha”, disse um dos ativistas, passando o calendário de marchas que continua a ocorrer em várias cidades do país.