A CAF Brasil, montadora de trens e metrôs, instalou em 2009 em Hortolândia (SP) sua segunda maior unidade – só perde para a matriz, em Beasain, País Basco, Espanha. A instalação da planta da empresa contou com significativas vantagens e subsídios da prefeitura de Ângelo Perugini (PT): isenção de impostos, como o IPTU, e dinheiro público investido para a terraplanagem e construção das instalações da empresa.

Somando-se os cinco contratos já adquiridos para produção de trens, desde 2009 a CAF fabricou 434 vagões e deve montar mais 364 nos próximos anos. Apesar das vantagens e subsídios oferecidos pela prefeitura de Hortolândia e da alta produtividade, a empresa mantém os salários dos trabalhadores abaixo da média da categoria e impõe péssimas condições de trabalho.

Paralisação por PLR
Em 2011, a CAF conseguiu dobrar a produção com o aumento de horas extras. Depois de muita pressão do chão da fábrica, a empresa foi obrigada a iniciar negociações sobre o valor da PLR, prometendo a todos que valeria a pena fazer horas extras, pois a proposta da PLR seria “irrecusável”. No fim ofereceu apenas R$3.800, menos que em 2010.

Tal proposta caiu como uma provocação no chão da fábrica, pois em julho do ano passado os trabalhadores haviam feito uma greve de 15 dias e arrancaram uma PLR de R$4.300, além de mais 20% no vale alimentação e criação de um Plano de Salários. À época, a proposta inicial da CAF era de R$1.100 e mais nada, alegando que o governo de São Paulo ainda não havia pagado pelos trens e metrôs já fabricados até então.

A assembleia realizada pelo Sindicato na porta da fábrica rejeitou essa provocação e iniciou a greve no dia 10 de maio. Começava assim a quinta greve dos trabalhadores da CAF a apenas dois anos da instalação da empresa. A radicalização foi tamanha que os trabalhadores rejeitaram até mesmo a proposta de estado de greve, que significaria voltar ao trabalho por 48h para a decretação legal do movimento frente à Justiça, e iniciaram imediatamente a paralisação.

Queda de braço contra a CAF
Mal começou a greve e os advogados da empresa acionaram a Justiça, exigindo a abusividade do movimento e fazendo a chantagem de só negociar se a produção voltasse.

Houve uma audiência de conciliação onde a CAF subiu a proposta para R$4.300, ou seja, o mesmo valor do ano passado. Novamente os trabalhadores rejeitaram a proposta da empresa, mesmo sabendo do risco que é o julgamento de ilegalidade de uma greve.

Em nova audiência de conciliação, o Juiz responsável pelo caso propôs o pagamento de R$5 mil de PLR e orientou a volta ao trabalho sem decretar a ilegalidade do movimento. No entanto, em assembléia nesta segunda-feira, 23 de maio, os trabalhadores decidiram seguir em greve.

Prefeitura fica do lado da empresa
No início de 2011 a CAF quis demitir 200 operários para elevar a produtividade, ou seja, produzir mais com menos operários, através do aumento dos ritmos de produção e das horas extras.

Esta situação levou a uma greve de 19 dias contra as demissões. No final, a empresa não só não foi autorizada pela Justiça a descontar os dias parados, como foi obrigada a fazer um Plano de Demissões Voluntárias com vários benefícios adicionais.

Na ocasião, os operários da CAF chegaram a realizar uma passeata até a Câmara Municipal de Hortolândia, mas o prefeito Ângelo Perugini (PT) se negou a manifestar-se em favor dos trabalhadores.

No momento em que ocorre esta quinta greve, comemoram-se os 20 anos da emancipação da cidade. Há um outdoor comemorativo no trevo de entrada de Hortolândia com uma foto da CAF ao fundo, demonstrando muito bem de que lado está Ângelo Perugini.

Exigimos do prefeito Ângelo Perugini que rompa seu acordo tácito com a empresa e intervenha em apoio aos trabalhadores da CAF.