Militantes do PSTU e da CSP-Conlutas marcaram presença no ato para manifestar solidariedade à categoriaNada de contas de telefone ou faturas de cartão de crédito. A mensagem, desta vez, era muito mais alarmante. Pelas ruas do Centro de Aracaju (SE), trabalhadores dos Correios caminharam com apitos e faixas de protesto contra a aprovação da Medida Provisória que privatiza a empresa. Em greve desde o dia 14 de setembro, a categoria reivindica também aumento salarial, melhores condições de trabalho, além de contratação de mais servidores. Militantes do PSTU e da CSP-Conlutas estiveram presentes na manifestação em solidariedade à categoria.

“Estamos defendendo um serviço que é essencial para o Brasil. Não podemos entregar esse patrimônio do povo brasileiro para a sanha do lucro” , resume Sérgio Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Sergipe (Sintect/SE). De acordo com o representante da categoria, a empresa tem hoje um número considerável de trabalhadores terceirizados, com menores salários.

Mesmo os trabalhadores do quadro primeirizado não podem comemorar sua remuneração. Segundo o Sintect/SE, o piso salarial é de R$ 807,29. A categoria reivindica o reajuste de R$ 400. “Temos o pior piso salarial de todas as empresas públicas do país, ao mesmo tempo em que executamos o serviço mais confiável” , ressalta Herbert, que também é diretor do sindicato.

“No governo do PT, deputada?”
No percurso, os manifestantes ocuparam as galerias da Assembleia Legislativa. A deputada Ana Lúcia (PT), havia se comprometido em se pronunciar sobre a greve durante o grande expediente da casa. “A Assembleia deve votar uma moção de repúdio à aprovação da Medida Provisória que abre brechas para a privatização dos Correios” , propôs a parlamentar em sua fala. Imediatamente o líder da oposição, Venâncio Fonseca (PP), tomou a palavra. “Deputada, é verdade que tudo isso está acontecendo no governo do PT?” , ironizou.

É evidente que a “indignação” de Venâncio Fonseca não passa de puro oportunismo rasteiro. Afinal de contas, as privatizações do governo Dilma acontecem com o apoio de seu partido. Ele mesmo também não se opôs à privatização da companhia de energia elétrica do Estado, a Energipe, na década de 1990. Mas não dá para negar que o PT privatiza igualzinho aos seus antecessores. Não foi para isso que os trabalhadores votaram em Lula e em Dilma.

Também é verdade que se a deputada Ana Lúcia for coerente na sua defesa dos trabalhadores, ela deve reconhecer que o PT não é o melhor lugar para os lutadores. Em agosto, o PSTU de Sergipe fez um chamado à deputada para entrar ela entrasse em nossas fileiras. Na ocasião, ela havia tomado destaque na mídia por criticar o governo de seu partido, que combateu veementemente a greve dos professores da rede estadual. Ela recusou o convite, demonstrando que sua disposição de luta tem um limite: as fronteiras de seu cargo.

Unidade
Foi com alegria que a categoria recebeu a notícia de que todos os 35 sindicatos do país aderiram à greve. Os trabalhadores também fizeram questão de manifestar satisfação com o apoio do PSTU e da CSP-Conlutas. “Esse é o momento de unificar todas as categorias que estão em campanha salarial para o enfrentamento com o governo. É importante juntar a luta dos trabalhadores dos Correios, das universidades federais, da Petrobras. Assim, ganhamos força para dizer a Dilma que se a economia está crescendo, os trabalhadores querem a sua parte” , defende Vera Lúcia, presidente estadual do PSTU.