Os 12.400 metalúrgicos da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP) estão em uma forte greve desde o dia 29 de setembro. Até esta quinta, 20 de outubro, calcula-se que mais de 14 mil carros já tenham deixado de ser produzidos na unidade.

Antes da deflagração da greve, houve tentativas de negociação durante dois meses, mas a empresa só enrolou os trabalhadores. A Volkswagen é a montadora que mais exportou esse ano e também é a empresa que mais vende ao mercado interno. Assim, os metalúrgicos reivindicam uma PLR (Participação de Lucros e Resultados) de R$ 5.500, enquanto a empresa acena com uma oferta que varia de R$ 4.360 a R$ 4.700. O valor reivindicado, de R$ 5.500, corresponde a apenas R$ 0,027 (menos que três centavos) por carro produzido.

Estava marcada para hoje, dia 20, uma audiência de conciliação no TRT-SP entre representantes da Volkswagen e do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC. Se não houver um acordo, o dissídio será julgado entre os dias 26 e 27 de outubro.

Apesar da importante luta pela PLR, a greve tem uma importância maior, que é garantir os empregos dos metalúrgicos. O presidente da Volkswagen do Brasil, Hans Christian, declarou que não vai renovar o acordo de garantia de emprego dos trabalhadores de São Bernardo. Por isso, a greve agora também é pela defesa dos empregos e pela derrubada do presidente da empresa.

Uma greve que passou por cima das direções
A greve dos trabalhadores da Volks foi iniciada contra a vontade da direção do sindicato, que é filiado à CUT. A intenção inicial da direção do sindicato era fazer algumas paralisações. Entretanto, os dirigentes foram surpreendidos pela votação da categoria pela greve por tempo indeterminado.

Mesmo assim, o sindicato vem encaminhando as atividades da greve de forma bastante limitada. Eles se recusam a fazer atos de solidariedade, algo que sempre foi tradição nas greves do setor. No próprio jornal do sindicato, houve dias em que não se falava uma linha sequer sobre a greve. Além disso, a proposta de fazer uma ação radicalizada parando a Via Anchieta, feita pela oposição, foi recusada pela direção do sindicato.

Essa postura do sindicato já está gerando problemas para a organização da greve. A Volks entrou com um interdito proibitório, que foi acatado pelo sindicato, exigindo que os dirigentes só podem ficar dentro da fábrica em seus turnos. Por causa disso, diversos dirigentes do sindicato e da oposição estão sendo intimados a prestar depoimentos na Justiça, apenas por organizarem a greve.

As primeiras vitórias
As outras unidades da Volks, em Taubaté e em São Carlos, também aderiram à greve e obtiveram importantes conquistas. Em São Carlos, os 550 trabalhadores da unidade pararam suas atividades por oito dias e conseguiram uma PLR de R$ 3.600 reais. No ano passado, a PLR foi de R$ 2.700, o que significa que o aumento foi de 33%.

Em Taubaté, os metalúrgicos pararam por quatro dias e conseguiram uma PLR de R$ 5.150 para a produção de 208 mil carros, quantidade que a unidade, sem dúvidas, tem como produzir. Em São Bernardo, a greve continua forte na defesa do emprego e da PLR.

Solidariedade
Neste momento importante da greve dos trabalhadores da Volks, é preciso que os trabalhadores do ABC e de todo país resgatarem a tradição das lutas operárias e generalize as ações de solidariedade e apoio à greve. É preciso realizar assembléias nas portas de fábrica, atos de rua e publicar boletins e materiais em apoio a greve.

Essa greve é uma demonstração clara de que somente com a luta e a mobilização da classe haverá mudanças na situação de miséria que vive o povo brasileiro. A greve da Volks é a greve de todos os trabalhadores!

Envie moções de apoio para:

Volkswagem: Fax:11- 4347-4836
e-mail: [email protected]

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC:
Rua João Basso, 231 – Centro
São Bernardo do Campo – SP – CEP: 09721-100
Fone: (11) 4128-4200
Fax: (11) 4127-3244 [email protected]

Com cópia para: Conlutas ABCD
[email protected]

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