Nesta última semana, foi noticiada pela grande imprensa mais uma cena de brutalidade e violência contra uma mulher, ocorrida na madrugada de sábado, 23 de junho. A vítima, desta vez, foi Sirley Dias carvalho, empregada doméstica, espancada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

Os agressores são cinco jovens da pequena-burguesia carioca. Segundo Sirley, enquanto quatro rapazes do grupo a espancavam, um ficava apenas olhando e debochando dela. Com requintes de crueldade, eles deixaram seu rosto, seu corpo e sua história – e a história das mulheres trabalhadoras – mais uma vez marcadas pela opressão da forma mais brutal.

Os agressores alegaram ainda que só fizeram isso porque acharam que ela era uma prostituta, reafirmando a autoridade que sentem em agredir as prostitutas pelas ruas da cidade, como se isso fosse algo natural e perfeitamente aceitável.

O pai de um dos agressores, fazendo uma bela demonstração da profunda hipocrisia na qual a burguesia se afunda, disse a um jornalista: “Sirley é mais frágil por ser mulher e, por isso, fica roxa com apenas uma encostada”, e ainda defendeu os agressores, dizendo que são “apenas crianças”.

Casos como o da empregada doméstica Sirley, são freqüentes, recorrentes num cenário político em que a mulher está submetida à opressão e à exploração da sociedade capitalista, onde temos os governos e patrões fortalecendo cotidianamente a ideologia machista, para utilizá-la em favor próprio.

Dados da Fundação Abramo, de 2007, demonstram que no Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é agredida. Em 2002, os dados diziam que a cada quatro minutos uma mulher era agredida. Como podemos perceber, a barbárie da violência contra a mulher aumentou brutalmente nos últimos anos e segue aumentando a cada dia.

Segundo relatório da organização norte-americana de direitos humanos Population Crisis, 40% dos casos de agressão física sofrida pelas mulheres, têm lesões corporais graves e são causados por espancamentos, socos, tapas, chutes, amarramentos, queimadura e estrangulamento. A quase totalidade das vítimas são mulheres trabalhadoras e pobres.

Embora com grau de industrialização e desenvolvimento superiores ao da maioria dos países latino americanos, o Brasil empata com El salvador, Nicarágua e Trinidad e Tobago no que diz respeito às condições de vida da parcela feminina da população, segundo uma entidade privada dos Estados unidos dedicada a estudos populacionais. De acordo com essa mesma entidade, no quesito igualdade social (que combina grau de proteção legal com que contam as mulheres para enfrentar a discriminação sexual e o tipo de tratamento que recebem no local de trabalho), o Brasil ficou em 87º lugar entre os 99 países pesquisados em 1998.

Cada avanço do capitalismo corresponde a um retrocesso do conjunto da classe trabalhadora, especialmente das mulheres. Com o avançar das políticas neoliberais aplicadas pelo governo Lula, que nada fez para combater a violência sofrida pelas mulheres além de uma lei demagógica, como a “Maria da Penha”, e da redução de 42% das verbas destinadas ao programa de combate à violência contra a mulher.

Além de sofrerem todas as atrocidades resultantes da crise do capitalismo, as mulheres trabalhadoras e pobres sofrem ainda mais por carregarem esse peso não só da exploração, mas também da opressão machista. De forma combinada, esses dois aspectos colaboram com a destruição progressiva de nossa classe em nome da manutenção dos privilégios de uns poucos corruptos, criminosos e assassinos.

É em nome das mulheres trabalhadoras que devemos lutar pelo fim da violência, contra todas as formas de violência cotidianamente imposta às mulheres. Precisamos exigir a criminalização da discriminação sexual e normas que contribuam para a coerção de práticas preconceituosas e violentas com punição exemplar aos agressores. Precisamos de investimentos públicos em programas de combate à violência contra a mulher.

É preciso que tenhamos certeza de que, para acabar com essa miséria que nos é imposta, é necessário acabar com aqueles que a provocam: os governos e os patrões. É preciso destruir o capitalismo. É para isso que estamos construindo a ferramenta para essa destruição, o partido revolucionário, e chamamos a todas as companheiras a estarem junto conosco nessa batalha.