Sem tetos acampam em área desocupada

Na noite de sexta-feira, 12 de agosto, 300 famílias organizadas pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), ocuparam uma área na cidade de Hortolândia, na região metropolitana de Campinas. Em pouco tempo, os primeiros barracos de lona preta mudavam a paisagem do terreno, um grande latifúndio urbano, que estava abandonado há anos e só servia para aumentar a violência na região.

Hortolândia é uma das cidades que mais cresce no Brasil. Indústrias de vários ramos priorizam a o município por conta de seus subsídios em forma de isenção fiscal para os empresários. Várias indústrias se instalaram nos últimos 5 anos na região: a CAF, a Dell, a Lanmar e mais recentemente o anúncio da ZTE (fábrica chinesa de eletrônicos). Todas estas empresas obtiveram da prefeitura isenção de impostos como IPTU e enormes terrenos para suas instalações.

Não é o mesmo tratamento dado aos trabalhadores que precisam de moradia. Segundo dados do movimento, são 20 mil famílias sem moradia na cidade. Para conseguir comprar um terreno ou construir uma casinha, ficam endividados e quando conseguem construir vão pagar altíssimos impostos. Muitos desistem no meio do caminho e voltam para os absurdos aluguéis ou ficam morando de favor com parentes.

Por isso, muitas famílias decidiram lutar: conquistar o direito à moradia através da luta com a ocupação das terras ociosas e da mobilização permanente. Ficar nos barracos improvisados muitas vezes por anos, como é o caso da ocupação Zumbi dos Palmares na cidade de Sumaré ao lado de Hortolândia, foi a saída encontrada por várias famílias que hoje ainda estão esperando as promessas de casas do programa “Minha Casa, Minha Vida” do Ministério das Cidades e dos próprios prefeitos de Sumaré e Hortolândia (ambos do PT). Agora com esta nova ocupação, novamente os trabalhadores estão se jogando na luta: a única forma de realmente mostrar o descaso dos governantes com o déficit de moradia e conquistar um direito garantido pela constituição, mas que na prática não é cumprido no nosso país.

As ocupações de terra são parte da jornada de lutas, convocada pela CSP-Conlutas, pelo MTST e outras entidades, pois a luta pela moradia é parte de luta da classe trabalhadora. Não é possível que a presidenta Dilma corte verbas dos programas de moradia, enquanto continua destinando bilhões ao pagamento de juros aos banqueiros. Não é possível que os grandes empresários sejam beneficiados com toda forma de incentivo fiscal para explorar mão de obra na cidade de Hortolândia, enquanto o prefeito Ângelo Perugini do PT não tenha uma política habitacional que desaproprie as terras ociosas que só servem à especulação imobiliária e destine as terras e casas aos trabalhadores que precisam de moradia digna.

Por isso o PSTU vem se somar à luta pela moradia na região. Estamos presentes na ocupação e vamos chamar os demais trabalhadores, professores, metalúrgicos, funcionários e a juventude a fazer da luta pela moradia uma luta de todos os trabalhadores que neste momento também estão em campanha salarial. Vamos unificar todas as lutas na Jornada de Lutas do dia 17 à 26 de agosto.

  • Nota do MTST