De um lado, um povo invadido e agredido, que luta por sua independência; do outro, a agressão da maior potência imperialista. Nessa guerra justa, a LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional) apóia incondicionalmente a luta militar da resistência iraquiana contra os invasores imperialistas.

Defendemos a liberação nacional do povo iraquiano e a derrota militar do imperialismo. Apoiamos incondicionalmente as ações da resistência, independentemente de quem seja sua direção. Denunciamos e combatemos os governos títeres impostos, qualquer que seja o mecanismo de sua eleição e chamamos a derrubá-los junto com a expulsão das tropas invasoras. Toda nossa solidariedade para com a justa e heróica luta do povo iraquiano por sua libertação!

Nesse sentido, polemizamos com os que se recusam a dar apoio à resistência por causa das posturas “fundamentalistas” de sua direção, como fazem os setores pacifistas “moderados” dos movimentos contra a guerra nos EUA, os “Fórum Sociais” ou o Secretariado Unificado da Quarta Internacional. Boa parte desses setores apoiou “criticamente” as eleições fraudulentas e a participação da hierarquia xiita, considerando-as um “caminho para a democracia” e para a retirada das tropas. Em alguns casos, chegam a defender a manutenção de algumas tropas americanas ou o envio de tropas da ONU para permitir uma saída “democrática” e organizada. Toda negativa a apoiar incondicionalmente a luta da resistência iraquiana, qualquer que seja o argumento, joga a favor do imperialismo.

Nosso programa para a revolução iraquiana
Nosso programa tem como centro a luta pela independência nacional do povo iraquiano. Nossa bandeira de Iraque para os iraquianos expressa que é direito democrático do povo, e não do imperialismo ou da ONU, resolver o destino de seu país. Por isso, também chamamos ao não reconhecimento do novo governo títere e repudiamos a fraudulenta proposta de Constituição.

Para conseguir a independência, dizemos claramente: viva a resistência do povo iraquiano! É fundamental a coordenação e a ação unificada das diversas organizações da resistência para lutar pela expulsão do imperialismo.

No Iraque ocorre a batalha mais importante hoje da luta de classes mundial. Uma derrota do imperialismo (como ocorreu no Vietnã) debilitará nosso inimigo e favorecerá as lutas dos trabalhadores e povos de todo o mundo. Ao mesmo tempo, chamamos a mais ampla unidade de ação com todas as forças e personalidades que se pronunciem pela imediata retirada das tropas imperialistas.
Estamos contra a divisão do Iraque em linhas confessionais ou étnicas. Estamos pela defesa de um Iraque unificado no marco da liberdade religiosa e respeito ao direito de autodeterminação dos curdos e outras minorias.

As liberdades democráticas são uma necessidade na luta contra a dominação colonial. Por isso, impulsionamos a luta pelo direito irrestrito de greve e de organização sindical (proibidos por uma lei da época de Saddam, mantida pelos ocupantes); pelas liberdades de expressão e organização, liberdade aos presos políticos; pelo fim das torturas praticadas pelos ocupantes e seus cúmplices e pelo julgamento e punição dos responsáveis.

Nossa proposta de unidade de ação com a resistência não significa nenhum apoio político ao projeto dessas direções para o país. A maioria das forças que estão à frente da resistência têm uma estratégia limitada de “um Iraque independente” nos marcos do capitalismo e uma visão nacionalista burguesa, como a do Baath. A própria experiência do regime de Saddam, ou do “pan-arabismo” em outros países, demonstra que essa não é uma saída que garante de fato a independência nacional. Para nós, a luta pela liberação nacional, nesta época imperialista, é inseparável da luta pela liberação social. Por isso, é imprescindível avançar na organização independente da classe operária iraquiana e em uma perspectiva socialista.

Ao mesmo tempo, a revolução iraniana mostrou que a direção teocrática xiita tampouco é garantia de liberação nacional. Pelo contrário, acabaram sendo os carrascos dos trabalhadores e dos mais aguerridos lutadores antiimperialistas iranianos. Hoje, em decadência crescente, empurram o Irã para as garras do imperialismo.

As massas não precisam da volta do regime do Baath ou de um novo regime xiita, e sim de um governo operário e camponês, na perspectiva de uma Federação de Repúblicas Socialistas do Oriente Médio. Devemos ligar as tarefas de liberação nacional com as de liberação social, como a nacionalização do petróleo e de todos os recursos públicos, sob controle dos trabalhadores; um plano de obras públicas para a reconstrução do país, financiado pela recuperação do petróleo para os iraquianos; e a suspensão do pagamento de todos os contratos e das dívidas feitas pela ocupação e seus títeres, o que permitiria também recuperar a educação e a saúde públicas.

Para levar a luta conseqüente pela expulsão total do imperialismo e apontar a perspectiva de uma saída de classe, socialista revolucionária para o Iraque e os povos do Oriente Médio, é necessária uma tarefa imprescindível e urgente: a construção de um partido revolucionário no Iraque.

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