Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Paulinho da Força querem reduzir salários para proteger os lucros dos patrões

Entre os dias 8 e 12 de junho, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo organizou uma manifestação por dia em cada ponto da capital e em Mogi. Foram atos e passeatas na Mooca, Itaquera, Santo Amaro, Jaçanã, Jardim Jaraguá e Vila Industrial de Mogi. Os protestos criticavam a política de aumento de juros do governo Dilma, que só favorece os banqueiros, denunciavam o aumento da inflação e do desemprego. “É preciso tirar a Dilma e o PT do poder”, eram os eixos das palavras de ordem mais ditas pelos dirigentes.

Na promessa de lutar em defesa do emprego e contra as demissões, o presidente do sindicato, Miguel Torres, anunciou que o sindicato não aceitaria demissões e disse: “A empresa que demitir será paralisada até reverter as demissões. Os empresários sérios devem entender esta luta e também exigir um Brasil com economia mais perene”.

Mas nas fábricas a realidade é outra. A direção do sindicato fecha os olhos para as demissões a conta gotas e começa a negociar “alternativas para a saída das dificuldades das empresas” como a redução de salários com redução de jornada para “evitar” demissões. São os empresários junto com o sindicato jogando a crise em cima dos trabalhadores.

Empresários X trabalhadores
O deputado federal Paulinho da Força participou do primeiro protesto em Mogi e explicou o que pretendem: “Temos que envolver os empresários para pressionar o governo, que está com uma política errada de aumentar juros, reduzir o crédito e o consumo, e está parando o Brasil”.

O recado de Paulinho sobre “envolver os empresários” logo ficou mais explícito. Na mesma semana, ele se reuniu com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, para se comprometer com a derrubada da proposta do Governo Federal de reduzir a desoneração da folha de pagamentos das empresas.

A desoneração da folha foi uma medida do governo Dilma que começou partir de 2011. A medida substituiu a contribuição das empresas de 20% para a Previdência Social por uma alíquota única variando entre 1% ou 2% sobre o faturamento bruto anual. Como se vê, trata-se de uma redução da contribuição dos empresários a custa da Previdência Social, prejudicando os trabalhadores. Em 2014, esta redução da contribuição para os empresários foi ampliada para 56 setores de forma definitiva. Nas fábricas eram só elogios dos empresários ao governo. Ao mesmo tempo, essa medida tampouco impediu as demissões.

Paulinho, em nome da defesa do emprego dos trabalhadores, na verdade, está defendendo os empresários que tanto foram beneficiados nos últimos anos com a política de isenções fiscais e desonerações do PT. Para defender o emprego e a previdência dos trabalhadores não basta estar contra o governo do PT, é preciso também estar contra os empresários (e banqueiros) que tanto lucraram nos períodos de vaca gorda e que agora se recusam em dar sua parte à Previdência. Trata-se de uma media em favor de seus próprios interesses, ainda que queiram fazer com que os trabalhadores pensem que seja uma medida em defesa do emprego, ou seja, de interesse de “todos”.

Isso significa que o governo Dilma (PT) ao pretender acabar com as desonerações se arrependeu e agora está a favor de sair em defesa dos trabalhadores? Ledo engano. O fim das desonerações é parte do plano de ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy que busca obter um maior Superávit Primário nas contas do governo, visando garantir o pagamento da dívida aos banqueiros. Esses pressionam o governo com o aumento dos juros e o cumprimento do pagamento da dívida pública. O fim das desonerações é, portanto, uma medida que se por um lado põe fim à concessão fiscal ao setor industrial, por outro, busca favorecer outro setor empresarial que são os bancos.

Greve Geral contra o ajuste e as demissões
Como se vê, diante da crise econômica, os distintos setores empresarias estão lutando em defesa de seus interesses. É um período das vacas magras e a renda nacional não dá mais para satisfazer a todos. Para não levar a pior, os trabalhadores tem que se organizar para sair em defesa dos seus interesses. Não é justo que paguem pela crise que não criaram. 

Para isso é preciso que os trabalhadores unifiquem suas forças. O caminho a ser seguido não é o apontado por “Paulinho da Força” de se unir com os empresários em defesa da desoneração, o que na prática só beneficia os donos de empresas.

O caminho é preparar uma Greve Geral que una todas as centrais sindicais em torno a uma pauta que exija o fim do plano ajuste fiscal de Dilma/Levy e defenda um plano que, além de garantir os direitos, salários e investimentos na saúde e educação pública, garanta também o fim das demissões, a estabilidade no emprego, a  redução da jornada sem redução de salário e a nacionalização das empresas que insistirem em demitir!