Ao apagar das luzes de 2002, os preços dispararam de forma generalizada. Todas as empresas estão reajustando suas margens de lucro. Fala-se que a inflação para o consumidor ficará entre 10,6% e 11%, mas isso não é de jeito nenhum o valor real que os salários estão perdendo no seu poder de compra.
A patronal está promovendo um verdadeiro confisco nos salários da classe trabalhadora. Quem ganha até cinco ou mesmo dez salários mínimos verá que está gastando de 20% a 30% mais para comprar as mesmas coisas que comprava antes.
Só o comércio de São Paulo , segundo o Índice de Varejo (IV), está fechando o ano com reajuste geral de preços de 25%. Os alimentos, as tarifas públicas (luz, telefone), gás e gasolina, dispararam. O óleo de soja subiu 68,9%, o arroz 31%, o pão francês 52,3%, o açúcar 52,1%. A conta de luz foi reajustada três vezes em 2002, só em agosto os aumentos variaram de 14% a 20%. O salário mínimo não compra sequer a Cesta Básica hoje.
Para piorar vem aí aumento nas tarifas de ônibus. Em São Paulo, a prefeita Marta Suplicy quer instituir uma taxa de cobrança na coleta de lixo em valores que irão de R$ 6,00 a R$ 64,00.
O bolso da classe trabalhadora está se esvaziando, mas as margens de lucro das grandes empresas e bancos vão muito bem. Só os 6 maiores bancos brasileiros lucraram R$ 27 bilhões este ano com os juros da dívida do governo.
Propaganda enganosa
A TV mostra a volta do dragão da inflação e dá a receita para derrotá-lo: não indexar os salários. Mas a única coisa não reajustada de acordo com a alta do dólar neste momento é o salário, porque, na prática, o resto está atrelado à variação cambial. Eles têm a cara-de-pau de dizer que a inflação pode sair de controle se os salários forem reajustados, mas houve uma queda real na renda dos trabalhadores em 23% nos últimos anos.
Neste momento a burguesia está aumentando preços e não quer aumentar os salários. O pior é que o governo eleito de Lula vem a público defender a mesma coisa que a burguesia: nenhuma indexação de salário, repete Palocci, copiando Pedro Malan.
Salário real em queda livre
Das categorias que tiveram data base até novembro, apenas 26% conseguiram a reposição do índice oficial de inflação, 10,6%. Mesmo as que tiveram, nem bem fecharam acordo, tiveram um roubo de mais de 3% no mês seguinte.
O funcionalismo federal, por sua vez, amarga 8 anos sem aumento, sendo que os funcionários estaduais, além do arrocho, em vários estados estão com o 13º atrasado.
Neste quadro, a proposta de salário mínimo de R$ 240,00 não significará sequer aumento real. E reajuste de apenas 4% para o salário do funcionalismo como está previsto no Orçamento de FHC e vem sendo defendido por Palocci não passa de uma provocação.
No caso do funcionalismo, o velho argumento usado por FHC vem sendo repetido pela equipe do PT. Dizem eles que não há dinheiro suficiente no Orçamento: um aumento maior para o funcionalismo ou estouraria a Lei de Responsabilidade Fiscal ou tiraria dinheiro dos mais pobres. A verdade é que 75% do orçamento está comprometido com o pagamento de juros aos banqueiros como quer o FMI, juros aliás que subiram de 18% para 22% e que o Banco Central promete aumentar ainda mais este mês.
Campanha de emergência
É preciso unir os trabalhadores que terão data base no primeiro semestre, o funcionalismo, os aposentados e os que tiveram data base agora numa campanha salarial de emergência e exigir reposição automática (gatilho) cada vez que a inflação atinja 3%.
Os ricos que façam sacrifícios e paguem o preço da crise. Chega de arrocho! A patronal que diminua seus lucros e pague melhores salários. E o governo Lula, que rompa com o FMI, com a Fiesp e Febraban para garantir mudanças. Entre elas um salário mínimo de 100 dólares, como reivindicava a CUT até o ano passado, e o aumento do funcionalismo, ao invés de jogar o peso da crise nas costas da classe trabalhadora.
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