Coordenação da Conlutas debate plano de ação
Aldiério Florêncio

A grande tarefa, agora, é preparar o Encontro Nacional Contra as Reformas, no dia 25 de março, em São PauloA Coordenação Nacional da Conlutas reuniu-se nos dias 10 e 11 de fevereiro em São Paulo. Credenciaram-se 170 pessoas, representando 81 entidades, entre sindicatos, movimento popular e camponês, movimento estudantil, oposições e minorias de diretoria. Participaram, também, representantes da Intersindical como convidados.

A discussão girou em torno do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das reformas neoliberais do governo Lula. O principal objetivo da reunião era elaborar uma proposta de plano de ação a ser apresentada no Encontro Nacional Contra as Reformas, que vai acontecer em março, bem como a própria construção e divulgação do encontro. O debate foi permeado do início ao fim pelo sentimento de unidade presente entre os lutadores.

José Maria de Almeida, o Zé Maria, representando o Grupo de Trabalho de Secretaria, abriu o debate com um breve informe sobre conjuntura. Ele iniciou a discussão localizando o Brasil no contexto internacional atual de ofensiva e crise imperialista. Ao falar das mobilizações que se alastram por toda a América Latina, ele disse que o Brasil segue a mesma tendência dos países vizinhos e, por isso, é possível derrotar o governo Lula.

As intervenções apontaram para a grande tarefa que a Conlutas terá pela frente, de preparar uma ampla campanha de conscientização dos trabalhadores para combater o bombardeio da mídia a favor das reformas. Nos próximos seis meses, o Fórum Nacional da Previdência Social, formado por representantes da alta burguesia e pelas centrais sindicais pelegas – incluindo a CUT – vai debater a melhor forma para realizar os ataques que vêm sendo articulados. “Para manter o modelo econômico, ele (Lula) vai ter de fazer as reformas, ele só precisa saber como fazê-las”, disse Zé Maria, “se ele fizer de uma só vez, corre o risco de enfrentar uma explosão social”.

Chamado à unidade
A conclusão dos presentes é que será necessária uma ampla unidade entre todos os setores dispostos a lutar. João Batista Oliveira, o Babá, ex-deputado federal pelo PSOL, disse que “temos de ter clareza desse embate, este processo do dia 25 de março deve estar somado a processos que possam levar, inclusive, a greves”. Ele fez um chamado aos companheiros da Intersindical, ressaltando que “nosso embate precisa muito da nossa unidade”.

Os ativistas da Conlutas têm consciência, porém, de que a unidade não pode servir de pretexto para rebaixar as reivindicações. A batalha do movimento é também uma batalha contra a CUT, que hoje ajuda a elaborar e a implementar os ataques aos trabalhadores, disseminando ilusões. “Temos de ser incansáveis na construção da unidade de ação”, falou Neida Oliveira, da Oposição Unificada do CPERS-Sindicato, entidade dos trabalhadores em educação do Rio Grande do Sul. “A unidade é necessária, mas com aqueles que querem lutar. Não podemos deixar que, em nome da unidade, a CUT continue a amarrar e a segurar o movimento”, completou.

Avanços na organização
A reunião demonstrou o avanço na organização da Conlutas. Hoje, com as regionais se formando e se estruturando nos estados, a Coordenação está se afirmando nacionalmente enquanto uma alternativa real de luta. Nesse sentido, o primeiro Congresso Nacional de Trabalhadores, o Conat, foi um marco na reorganização da classe trabalhadora após as traições de CUT e do PT.

Zé Maria lembrou da luta contra a reforma da Previdência, em que o movimento estava ainda bastante fragmentado: “avançamos na construção de um pólo de unidade contra as reformas, que nos coloca num patamar muito superior, numa situação mais favorável que em 2003”.

Na tarde do primeiro dia, os participantes se reuniram nos Grupos de Trabalho (GTs) para elaborar propostas específicas. Foram seis grupos: secretaria, educação, formação e comunicação, finanças, mulheres e GLBT, raça.

Movimentos Sociais
A luta contra as reformas ganha uma importância especial nos movimentos populares e camponeses. Em geral, esse é um setor bastante pobre, que vive no mercado informal de trabalho ou com salários muito baixos. Eles, que já vivem em condições muito precárias, acabam sendo ainda mais atingidos pelas medidas nefastas do governo. “As reformas, o PAC e todos os programas do governo vão subtraindo os recursos que seriam para todas as áreas sociais”, argumentou Helena Silvestre, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto de São Paulo (MTST).

Os representantes dos movimentos sociais presentes defenderam a incorporação das lutas por terra e moradia, principalmente, na pauta da Conlutas. “A população pobre está vivendo das migalhas que sobram da mesa do rico, os movimentos sociais terão de fazer mais ocupações para resistir”, disse Valdir Martins de Souza, o Marrom, um dos coordenadores da ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).

Dia 25 de março
A grande tarefa, agora, é preparar o Encontro Nacional Contra as Reformas, que vai acontecer em São Paulo, no dia 25 de março. O encontro será aberto e os cartazes de convocação já foram distribuídos e já há confirmação de presença de várias entidades – participantes da Conlutas ou não.

O encontro deverá ser um momento privilegiado para impulsionar a luta dos trabalhadores contra as reformas e contra o PAC. Ele poderá ser um grande passo rumo à derrota do governo Lula, sobretudo por conta da ampla unidade entre diversos segmentos da classe trabalhadora e da juventude que vem se construindo.

É tarefa de todos aqueles que querem lutar contra o governo e contra a sua política econômica desenvolver um plano de ação capaz não só de organizar, mas de mobilizar a classe trabalhadora e impedir a aprovação das reformas.
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