Apesar do ligeiro crescimento da produção industrial apontado pelo IBGE em 8 das 14 regiões pesquisadas, a realidade para os trabalhadores é bem diferente. De acordo com dados da própria Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a indústria paulista fez em dezembro a maior demissão em massa desde janeiro de 2000, quando a Federação passou a pesquisar esse tipo de informação. A queda de 2,16% no nível de emprego no setor, em relação ao mês anterior, significa a demissão de 45.818 trabalhadores.

Como se isso não bastasse, os patrões impõem ainda uma alta rotatividade, que reduz significativamente os salários dos empregos que ainda restam. De acordo com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), principalmente a partir de 2000, os empregos migram da capital do estado para o interior, com salários bem mais reduzidos. De acordo com o órgão, os novos contratados recebem salários 10% a 20% mais baixos que os demitidos, apesar do nível de escolaridade dos novos empregados ser maior. As perspectivas para 2006 também não são melhores. Sondagem realizada pela Fundação Getúlio Vargas mostra que 32% das empresas em todo país demitirão em janeiro.

Tais dados corroboram a tendência do declínio industrial no país. Em novembro o setor teve alta de apenas 0,6%, quando esperava-se, no mínimo, algo em torno de 1,5%. Além da política de juros altos, a indústria brasileira vem sendo soterrada com o avanço de produtos estrangeiros, ao mesmo tempo em que fartos subsídios e isenções fiscais amparam o vertiginoso crescimento das exportações de bens primários. Essa estratégia do governo Lula alinha-se às necessidades do imperialismo e adianta o que a Alca faria, ou seja, regredir o país à condição de colônia.