Reunião entre ministros e sindicalistas que definiu mínimo de R$350
Agência Brasil

O que deveria ser a maior bandeira levantada pela CUT para conter ou pelo menos amenizar o enorme desgaste que sofre, pode se transformar em uma contundente desmoralização. Mais uma para o cada vez maior rol de traições da central de Marinho e congêneres. Depois de tentar protagonizar um estardalhaço, com direito até mesmo a uma malfadada marcha a Brasília reivindicando um salário mínimo de R$ 400, a CUT e demais centrais sindicais acataram decisão do governo aceitando o valor de R$ 350.

Tal traição coroa a ridícula campanha pela “valorização do mínimo”, levada a cabo pela CUT e pelo próprio Ministério do Trabalho. Na manhã do dia 10 de janeiro, uma reunião com as cúpulas da CUT, CGT, CGTB, SDS e Força Sindical rebaixou a já insuficiente proposta de R$ 400 para R$ 360, com correção de 10% na tabela do imposto de renda. Após a reunião, os representantes maiores de todos os extratos pelegos do atual sindicalismo brasileiro, tendo à frente o presidente da CUT, João Felício e o eterno presidente da Força, Paulinho Pereira, afirmaram que não recuariam uma linha da atual reivindicação.

O governo, por sua vez, sinalizou com um mínimo de R$ 321, posteriormente aumentando um pouco para R$ 350, com 7% de correção do imposto de renda. No dia seguinte à reunião dos sindicalistas, os dirigentes se encontraram com o governo e aceitaram vergonhosamente a proposta de Marinho. Para conseguir uma saída honrosa, os sindicalistas reivindicaram que o novo mínimo fosse estabelecido este ano em março ao invés de maio, 10% na correção do IR e adoção do mês de janeiro como mês para reajuste do mínimo a partir de 2007.

No entanto, nem mesmo esse reajuste rebaixadíssimo está garantido, uma vez que Lula e Palocci ainda não o autorizaram. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, da Previdência, Nelson Machado e o Secretário Geral da Presidência, Luiz Dulci, presentes na reunião, se comprometeram a levar essas reivindicações para o presidente e o conjunto do governo. De qualquer forma, o ponto mais importante foi consenso entre governo e sindicalistas: o novo mínimo será de R$ 350. Se Lula deixar.

Uma nova reunião no dia 19 de janeiro definirá sobre os outros pontos reivindicados pelos sindicalistas.

2006: mais arrocho e estagnação
Nem o ano eleitoral impede que o governo Lula continue aplicando sua política de arrocho. Segundo o Dieese, o salário mínimo, para garantir a sobrevivência a uma família brasileira, deveria ser de R$ 1.607,11 em dezembro de 2005. Enquanto o governo impõe o arrocho salarial ao conjunto dos trabalhadores, a economia dá cada vez mais sinais de estagnação, fruto da política recessiva submissa aos ditames do FMI.

Pesquisa publicada pelo IBGE no último dia 10 de janeiro dá conta que a indústria prossegue em seu ritmo de acelerado desaquecimento. Segundo o instituto, em novembro de 2005 a indústria cresceu apenas 0,6%, quando os principais analistas esperavam no mínimo 1,6%.