Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

Depois de 2 anos sem eleições para o DCE Livre da USP, os estudantes da nossa universidade irão novamente poder escolher qual programa e qual gestão querem à frente da entidade que representa os cerca de 60 mil estudantes da USP. Nos últimos 5 anos, a entidade foi dirigida pela “Nossa Voz”, coalizão do Disparada (PT), UJS (PCdoB) e o Levante Popular da Juventude (Consulta Popular). Todas essas forças são também parte da direção majoritária da União Nacional dos Estudantes (UNE), sendo, portanto, uma gestão que reproduz na universidade aquilo que a UNE tem mostrado nacionalmente.

Além de ter sido uma gestão totalmente ausente das lutas dos estudantes em defesa da permanência estudantil no último período, a Gestão Nossa Voz vem mostrando sinais de muita debilidade no retorno presencial: foi incapaz de organizar espaços de mobilização para lutar pelas muitas demandas que explodiram no começo do ano, realizou uma calourada esvaziada e, em geral, se limitou a mandar um ou dois representantes “para tirar foto” em diversas mobilizações puxadas pelos trabalhadores da USP, docentes, C.A’s ou por moradores do CRUSP (Conjunto Residencial da USP). Mesmo com o circo pegando fogo no retorno presencial, a gestão do DCE ficou longos 8 meses sem chamar uma assembleia geral dos estudantes.

A luta da juventude contra Bolsonaro e a passividade do DCE

Bolsonaro aumentou exponencialmente o grau de ataques aos nossos direitos que vinham sendo aplicados anteriormente por Temer e também por Dilma. Durante todo o seu governo vimos a educação ser quase destruída: o governo manteve uma política de desmonte da educação pública, com sucessivos cortes de verbas e bolsas, nomeação de interventores nas federais e travou uma batalha ideológica contra as áreas de humanas e a pesquisa científica, contra as cotas étnico-raciais e outras tantas bandeiras da juventude e do Movimento Estudantil.

A Gestão Nossa Voz e a direção da UNE pouco ou nada fizeram para colocar a força do Movimento Estudantil em marcha para derrotar Bolsonaro, apostando em uma tática de denúncia observativa, com o objetivo maior do desgaste eleitoral do governo, mais do que a sua derrubada através da mobilização e do povo na rua. A tática era simples: que os estudantes se indignem com o governo, mas que esperem a eleição do final do ano para resolverem seus problemas, votando em Lula e recolocando as forças políticas que estão por trás dessas entidades estudantis de volta no poder.

Em diversos atos contra Bolsonaro realizados no ano passado, o DCE foi totalmente incapaz ou não se empenhou de fato para mobilizar os estudantes para irem aos atos. Blocos unificados até foram chamados, mas apenas formalmente, nunca se deram na prática. Enquanto isso, diversos CA’s da oposição ao DCE conseguiram construir blocos de estudantes muitas vezes grandes, mostrando muito mais capacidade organizativa e empenho em tomar as ruas contra Bolsonaro.

Ninguém tem dúvidas da necessidade de se derrotar Bolsonaro nessa próxima eleição, mas a verdade é que no Movimento Estudantil, assim como no terreno sindical, o PT e seus aliados foram uma trava para que a classe trabalhadora e a juventude tomassem as ruas para de fato derrubar o governo Bolsonaro. Não foram poucos os focos de luta em plena pandemia: os atos das torcidas antifascistas, as lutas dos entregadores de aplicativos, os atos contra a violência policial nas periferias, marchas dos povos originários e os próprios atos contra Bolsonaro em si.

O Rebeldia acredita que seja possível e urgente a construção de uma nova direção para o DCE da USP: uma direção que não seja ausente ou freio das lutas dentro e fora da universidade, que não coloque os estudantes na posição de espectadores das suas direções, mas na de sujeito das lutas que barrarão os ataques de Bolsonaro ou de qualquer outro governo. com independência em relação aos governos e à reitoria. Chamamos todos os estudantes a virem discutir e construir conosco um novo projeto de DCE combativo, presente no dia-a-dia dos estudantes que seja linha de frente na luta contra o governo Bolsonaro.

É fundamental que nosso DCE, num eventual governo Lula-Alckmin em Brasília ou de Fernando Haddad em São Paulo mantenha uma postura crítica, independente. Sabemos que no capitalismo (ainda mais na crise que vivemos) seja qual for o governo de plantão a educação sofrerá ataques, cortes e sucateamento, em maior ou menor grau. Uma direção estudantil diretamente ligada à administração do Estado impede qualquer luta contra ataques do governo. Já assistimos esse filme, quando a UNE simplesmente se recusou a lutar contra os cortes de Dilma na Educação por ser parte da base de apoio daquele governo. Qualquer estudante que veio da escola pública sabe muito bem qual o legado de Alckmin para a educação pública: o ladrão de merenda que fechou escolas e nunca perdeu uma oportunidade de sentar a porrada nos professores e nos estudantes.

A classe trabalhadora e a juventude vêm dando sinais não apenas de disposição de lutar e ocupar as ruas, ela se depara com a necessidade incontornável de garantir na luta suas condições de vida: estouram greves atrás de greves por reposição salarial por conta do aumento vertiginoso dos preços. Dentro da USP, as lutas por políticas efetivas de permanência são parte desse cenário e se deram por fora do DCE. Dadas as necessidades dos estudantes e a atual paralisia do DCE, é fundamental uma nova direção capaz de mobilizar e colocar em movimento os estudantes da USP para que possamos alcançar conquistas como as dos estudantes da UFRJ, que a anos atrás conquistaram um auxílio moradia de R$ 800,00 através da sua mobilização.

O Rebeldia tem ajudado a impulsionar diversas lutas da juventude e da classe trabalhadora contra o governo Bolsonaro na USP e Brasil afora, apresentando nosso programa revolucionário para os ativistas que também se levantam, colocando a necessidade de a juventude e os trabalhadores derrubarem esse governo e construírem uma revolução que ponha fim ao sistema capitalista, à fome e ao sofrimento dos nossos. Na USP estivemos à frente de uma luta muito importante desde o começo do ano: a garantia do retorno presencial e de salas para o maior curso da USP, a Letras, que enfrenta um descaso/sucateamento histórico da universidade tão grandes que lá não há nem salas de aula nas quais caibam todos os estudantes e há disciplinas sem professor funcionando à base de gravações.

Acreditamos que a forma como tocamos essa luta junto com os ativistas independentes que compõem a gestão do C.A. da Letras, o CAELL, é como enxergamos que deve agir uma gestão de DCE: sem aparelhamento, com espaço para o engajamento dos estudantes e confiança apenas na nossa mobilização para conquistar vitórias. Também achamos muito importante o fato de o CAELL ter conseguido não só mover muitos estudantes para atos Fora Bolsonaro, mas conseguido articular inclusive um bloco unificado da FFLCH, fortalecendo uma unidade para a ação pouco comum no Movimento Estudantil da USP com organizações estudantis independentes ou dirigidas por outras forças políticas.

Chamamos a todos os estudantes para a construção de uma chapa disposta a resgatar o DCE para o caminho da luta, contra qualquer subordinação da nossa entidade à conciliação de classes ou qualquer governo que ataque a Educação, que não vacile frente aos riscos que o bolsonarismo e a ultradireita representam nesse momento para a juventude e para os trabalhadores!

Chamamos também as forças políticas da oposição para debatermos a construção de um novo DCE – temos muitas diferenças programáticas e políticas com várias dessas organizações, e respeitamos elas. Mas acreditamos que se trata de uma oportunidade única de reunir os setores combativos da oposição. Independente da eleição do DCE, seguiremos apresentando nosso projeto político, mas estamos dispostos a debater com os companheiros da oposição a construção de uma chapa e uma gestão de DCE comprometida com a luta do movimento estudantil. Sabemos que construímos não só candidaturas eleitorais diferentes, mas que temos muitas divergências políticas e programáticas entre nós, mas propomos honesta e sinceramente aos companheiros que também são críticos a essa gestão do DCE o debate para essa construção conjunta. Vamos recuperar o DCE Livre da USP das garras da burocracia estudantil!

– Por um ME democrático, combativo, que organize os estudantes pelas suas demandas dentro e fora da universidade!

– Em defesa dos estudantes pobres e trabalhadores, aumento do auxílio moradia para R$800,00! Devolução dos blocos D, K e L do CRUSP!

– Aquilombar a USP contra o racismo e o elitismo que ainda imperam na universidade! Pelo avanço das políticas de cotas étnico-raciais na USP! Fora PM racista do campus!

– Aliança dos estudantes com os trabalhadores: a luta dos professores, funcionários e terceirizados também é nossa! Contra a terceirização e privatização da universidade! Chega de contratos temporários com salários reduzidos!

– Contra decisões impostas de cima para baixo de forma autoritária pela Reitoria e Direções, que os setores da comunidade decidam os rumos da universidade! Pelo direito de os estudantes realizarem eventos com autonomia no campus! Que os setores votem e decidam os rumos e a reitoria da universidade!

– Independência de todo e qualquer governo que ataque a educação!

– Derrotar Bolsonaro, sem ilusões em Lula-Alckmin! Amigos da burguesia não são nossos aliados! Doria e o PSDB não nos representam! Chega de ataques tucanos à USP!