Redação

Da redação

Nesta terça-feira, 17, um colunista social noticiou a brutal agressão sofrida pela youtuber Karol Eller, de 32 anos, no último domingo no Rio de Janeiro. Segundo o colunista Leo Dias, a jovem estava na Barra da Tijuca com sua namorada quando foi abordada por um homem que, em meio a ofensas homofóbicas, a agrediu violentamente. “Como é que você consegue namorar um mulherão desses hein?”, teria dito o agressor antes do espancamento. Ela chegou a postar uma foto de seu rosto desfigurado no Instagram.

A youtuber entrou, assim, para a revoltante estatística de ataques LGBTfóbicos no Brasil, país em que um LGBT foi morto a cada 20 horas em 2018. No caso específico da violência contra mulheres lésbicas, o Dossiê Sobre o Lesbocídio elaborado pela UFGJ mostrou um salto de 80% entre 2016 e 2017. O Brasil é um país em que ser lésbica, gay, bissexual ou trans representa um verdadeiro perigo de vida, em que, além de agressões e assassinatos, LGBT’s são vítimas de discriminação, e submetidas à marginalização e aos piores e mais precarizados empregos, com os piores salários e direitos.

É preciso repudiar esse ataque, exigindo a identificação imediata e punição exemplar do agressor por essa tentativa de homicídio.

Karol Eller ficou conhecida por defender e fazer campanha para Bolsonaro, e atacar o movimento LGBT, reproduzindo o discurso do clã Bolsonaro e seus seguidores de que não existe LGBTfobia no país e de que tudo não passa de “vitimismo”. Atuou, assim, para legitimar Bolsonaro entre as LGBT’s, ajudando a normalizar um discurso direta e explicitamente LGBTfóbico. Como a declaração de Bolsonaro que “ter filho gay é falta de porrada”. Karol chegou a ser recompensada pela família Bolsonaro com um cargo na EBC com um salário acima de R$ 10 mil.

Esse ataque, porém, desmente da forma mais brutal esse discurso. Mais ainda, expõe a tática cruel do governo Bolsonaro de utilizar os próprios setores oprimidos para legitimar seu discurso e sua política machista, racista e LGBTfóbico. Discurso e política que, como vemos, não poupam sequer os setores oprimidos que aceitam cumprir esse lamentável papel, como a ministra Damares, ou o jornalista Sérgio Camargo que Bolsonaro tenta colocar na Presidência da Fundação Palmares.

Esse ataque LGBTfóbico tem também a mão de Bolsonaro. E mostra que, apesar da conquista do reconhecimento da LGBTfobia como crime pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é preciso avançar em muito a luta em defesa da vida e dos direitos dos LGBT’s. Além da criminalização, é preciso lutar contra o projeto Escola Sem Partido, pela inclusão do debate sobre gênero e sexualidade nas escolas, além da luta por políticas efetivas que garantam segurança, emprego e saúde às LGBT’s.