Neste 17 de agosto, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, levou ao Supremo Tribunal Federal o pedido de indiciamento de mais 27 parlamentares envolvidos no caso das sanguessugas, esquema de desvio de dinheiro público via superfaturamento de ambulâncias. Antes disso, 57 parlamentares já estavam indiciados no STF. Agora, já são 84 parlamentares indiciados pelo Supremo, número superior ao de parlamentares com pedido de cassação na CPI. A lista dos novos parlamentares com pedido de indiciamento está sob sigilo.
A CPI dos Sanguessugas apontou o envolvimento de 72 parlamentares, sendo 69 deputados e três senadores, no esquema. A investigação era inicialmente sobre 90 parlamentares, mas 18 deles já foram absolvidos pelo relatório. Na semana passada, o Conselho de Ética da recebeu o relatório da Comissão, com o pedido de cassação de todos os envolvidos por quebra de decoro parlamentar.
Renunciar ou não renunciar?
Com os pedidos de cassação em plena véspera das eleições, nas quais muitos sanguessugas concorrem, o grande burburinho no Congresso é quem vai renunciar ao mandato para fugir do processo de cassação. Como o Conselho de Ética deve abrir os processos de julgamento na próxima terça-feira, dia 22, os deputados acusados têm até a meia-noite de segunda-feira para renunciar ao mandato, caso queiram escapar do julgamento por quebra do decoro.
Até agora, apenas o deputado Coriolano Sales (PFL-BA) apresentou sua renúncia, encaminhada na terça-feira, dia 15. Ele é acusado de receber R$ 162 mil do esquema da Planam e não quer colocar em risco suas chances de assumir a prefeitura de Vitória da Conquista, pois ficou em segundo lugar e processou o primeiro colocado nas eleições. Ele ainda aguarda o resultado do processo.
Há deputados que resistem à alternativa da renúncia, não só porque tal atitude significaria uma admissão implícita de culpa no caso, mas também porque acreditam que seus colegas do Congresso podem absolvê-los. Além disso, como o caso também está na Justiça, através dos indiciamentos no STF, perder o cargo significaria perder o foro privilegiado. Entretanto, não renunciar e ir a um processo de julgamento e cassação em plena campanha eleitoral pode ser doloroso e ter grandes conseqüências para aqueles que pensam em se reeleger.
Diante dessa sinuca, as negociações entre os envolvidos e seus partidos e aliados deve prosseguir até segunda-feira, quando eles definirão qual a melhor tática para livrar a cara dos envolvidos. Enquanto isso, muitos continuam no horário eleitoral pedindo o voto da população para que continuem sugando os cofres públicos nos próximos quatro anos.