Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

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A Justiça do Rio de Janeiro expediu um mandado de prisão contra Rennan da Silva Santos, um dos DJ’s mais famosos do cenário do funk, conhecido como DJ Rennan da Penha, morador de favela e negro. Sua prisão é mais um absurdo ataque ao direito de lazer do povo pobre das favelas, e escancara a farsa da política falida de guerra às drogas.

A juventude tem direito ao lazer!
Não é de hoje que a cultura periférica sofre perseguição, criminalização e intensa repressão. Basta notar as “incursões” rotineiras do “caveirão”, e os tiroteios deliberados nas favelas para tentar acabar com os bailes funk. Sob a justificativa da guerra às drogas, o falso e hipócrita combate ao tráfico de drogas tem servido de justificativa para oprimir a classe trabalhadora que frequenta e se diverte nos bailes. O povo pobre e negro segue pagando com a vida, o que é inaceitável!

A lógica capitalista, que segrega e inviabiliza a mobilidade urbana, sempre dificultou o deslocamento do povo das periferias para transitar nos espaços urbanos; em função disso, muitos moradores buscam se divertir nos bailes, por ser acessível ao seu bolso e por se identificarem culturalmente com a cena funk.

Os bailes são um lazer alternativo, que têm a cara da juventude do Rio. Estão tentando criminalizar uma forma criativa e própria da identidade local, com os “passinhos”, músicas, e beats, que expressam a realidade vivida, e a que se incorpora toda uma geração que acompanha a cena funk.

A prisão de Renan o DJ mais “bombado” da cena do funk carioca se trata de uma política do governo de desmonte dos bailes, e parte do projeto de segurança de extermínio do povo pobre e perseguição às favelas, que frequentemente é impedida até mesmo de acessar as praias, via blitz policiais nas linhas que vem da zona norte.

Em 2018, o Estado do Rio de Janeiro reeditou a “Intervenção militar” como medida de “segurança pública”, e colocou o exército nas ruas, em uma lógica que provou ser cara e que não serve para cuidar da segurança, e sim para a guerra. É nesse cenário que acontece a prisão de Renan, um dos DJ’s mais conhecidos na cena funk carioca, em uma tentativa óbvia de desmontar e desmoralizar os bailes.

A justificativa para esta prisão seria um “suposto” envolvimento do DJ com o tráfico, a partir de uma denúncia genérica, e que renova as narrativas racistas e elitistas de que todo morador de favela seria bandido. Nenhum outro DJ que toca em festas para a elite foi acusado de ser traficante.

Porque chamamos o “combate ao tráfico” de uma guerra aberta aos pobres
Enquanto as Forças Armadas “entram” nos morros do Rio de Janeiro, visando apreender armas, e drogas, “certos” condomínios da Barra da Tijuca servem de paiol para 117 fuzis, e senadores e deputados usam fazendas e helicópteros particulares para transportar toneladas de cocaína, e ainda saem ilesos! Demonstrando claramente contra quem é essa guerra. No entanto, as forças de segurança não chegam nesses locais “esculachando” os seus moradores, ou atirando a esmo. Isso porque, cada vez mais, se torna evidente que a política de segurança no Rio de Janeiro é de massacre ao povo pobre.

O funk se tornou, também, uma oportunidade de ascensão social aos que têm direitos cotidianamente violados. Então, se a questão é de combater a violência e o tráfico de drogas, é importante discutir a descriminalização do comércio para consumo pessoal. O que faria essa lógica de violência despencar, diminuindo a quantidade de apenados por porte e liberando para outras funções a polícia.

Assim como iria também contribuir para desmontar a lógica das guerras entre as facções, pelo controle do monopólio da venda nos territórios periféricos. Não podemos esquecer que a principal causa da violência do nosso País tem a ver com a falta de oportunidades que o capitalismo exige, para manter o valor dos salários pagos bem abaixo do que deveria, a partir do desemprego estrutural e do exército industrial de reserva, jogando a juventude cada vez mais para a criminalidade.