Envie uma mensagem agora para Lula exigindo a interferência do governo

No dia em que a comissão formada por diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), da Conlutas e demitidos da Embraer foram a Brasília se reunir com Lula, a direção da empresa parece ter realizado uma ofensiva de mídia para ocupar espaço na imprensa e defender as demissões. O presidente da companhia, Frederico Curado, o mesmo que afirmara reiteradas vezes nos últimos meses que não haveria demissões, concedeu várias entrevistas reafirmando as justificativas da empresa para os cortes.

O presidente da Embraer, porém, falou mais do que as desculpas surradas para as demissões. Curado forneceu novas informações sobre o processo das demissões. Na entrevista concedida ao Portal IG, o ele afirmou que o governo já estava a par da decisão da Embraer em demitir. “O governo estava informado de que a Embraer faria o corte. Autoridades de Brasília, confirmaram depois, publicamente, que pessoas do governo estavam informadas” disse Curado ao Portal.

No dia 19 de fevereiro, quando foram anunciadas as 4.270 demissões na Embraer, Lula reagiu com surpresa e afirmou estar “indignado”. Na ocasião, coincidentemente, ele estava reunido com o presidente da CUT, Arthur Henrique, em seu gabinete no Planalto. Poucos dias depois o jornal Folha de S. Paulo revelou que, tanto o governo quanto a CUT já sabiam das demissões.

“Estão saindo melhor do que entraram”
A entrevista revela também como pensa o presidente da companhia privatizada. Frio, calculista e focado no lucro. Questionado sobre o volume das demissões, o principal argumento é que “a empresa é lucrativa há 11 anos”.

A parte mais chocante, porém, do depoimento de Curado é quando se refere aos milhares de novos desempregados deixados pela empresa. O presidente nega que sejam “vítimas”, pelo contrário, para ele são privilegiadas por terem a oportunidade de trabalharem na Embraer. “Essas pessoas que foram demitidas não saíram de uma situação excelente e vieram sofrer com a gente. As pessoas foram treinadas, evoluíram na empresa. Estão saindo melhor do que entraram, mais qualificadas. A pergunta é a seguinte: os demitidos preferiam não terem sido contratado antes?”, questiona de forma cínica.

A ganância demonstrada por Frederico Curado reafirma ainda mais a necessidade da reestatização da Embraer, uma empresa estratégica e que não pode mais permanecer nas mãos do capital privado.

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