Passeata lota uma das principais avenidas da cidade
Myrela Leitão

No último domingo, 28 de junho, cerca de 5 mil pessoas participaram da Mini Parada GLBT que aconteceu em Porto Alegre (RS), organizada pelo grupo GLBT Desobedeça e pela Conlutas. A prefeitura de José Fogaça (PMDB) tentou barrar a manifestação, mas um mandado de segurança garantiu a realização deste dia de luta e reivindicações.

Diferente das paradas de hoje em dia, a Mini Parada teve um caráter de luta e não apenas de festa. Não foi financiada por governos e empresas. Por isso, resgatou o sentido histórico do Dia do Orgulho GLBT. Com muita alegria e irreverência, comandada pela artista Lolita Bombom, entre uma apresentação e outra houve intervenções dos apoiadores: Conlutas, 39° núcleo do CPers-Sindicato, grêmios estudantis, LBL, PSTU, PSOL entre outros. O eixo principal foi o combate às constantes repressões aos homossexuais em frente ao shopping Nova Olaria, famoso por discriminar a juventude homossexual.

Palavras-de-ordem como: “Para combater a homofobia / a nossa luta é todo dia” animaram a parada. A manifestação teve início no Parque da Redenção por volta das 14h e saiu em caminhada às 17h. Durante a marcha, foram feitas muitas falas em homenagem aos 40 anos de Stonewall, focando a defesa do casamento civil, contra a violência aos homossexuais e contra a crise econômica que ataca principalmente os setores oprimidos da classe trabalhadora, com desemprego e retirada de direitos. Também foi feita a exigência ao governo Lula para que as políticas em defesa da livre orientação sexual não fiquem só no papel.

Chegando em frente ao shopping Nova Olaria, os manifestantes foram recebidos com portas fechadas pela direção deste centro comercial. Lá encerrou a parada com a entrega do Prêmio Personalidades que Desobedecem para pessoas que colaboram com a luta em defesa dos direitos homossexuais.

Mais de 3 milhões de pessoas participam da maior Parada Gay do Mundo, a de São Paulo. Porém, apesar deste número expressivo, há muito preconceito no Brasil que continua homofóbico, racista e machista. A maior parada gay não é muito diferente do maior carnaval do mundo que acontece no Rio de Janeiro, tanto pela festa quanto pelo fato de trazer lucros para os empresários ligados ao comércio, turismo e empresas ligadas aos guetos, como boates, saunas e todos os setores que podem lucrar com a segregação dos homossexuais. As verdadeiras reivindicações dos homossexuais brasileiros que são diariamente perseguidos, oprimidos, agredidos verbalmente, sexualmente e fisicamente não são mais temas destes megaeventos.

A Mini Parada de Porto Alegre nos mostra que é possível fazer uma parada livre com independência, sem rabo preso com empresas e governos. E que esse é um dia de festa, mas principalmente de protesto e luta pela livre orientação sexual, por direitos iguais e por uma sociedade sem homofobia.

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