Boa parte das organizações construídas antes do governo Lula que não faziam diferença entre a luta das trabalhadoras e a luta das burguesas acabou entrando no governo diretamente ou indiretamente através das ONGs. Não é possível defender os trabalhadores em aliança com a burguesia.

A postura da Marcha Mundial de Mulheres, dirigida pelo PT, mostra isso. A direção dessa organização procura a todo custo evitar mobilizações unificadas que enfrentem o governo. Acabam defendendo a unidade das mulheres de qualquer classe contra os homens, além de defender o governo e de não denunciar os ataques sobre as trabalhadoras.

A Conlutas é a resposta que surge daqueles que lutam contra os ataques do governo em defesa dos trabalhadores e dos oprimidos. Como seu maior patrimônio, tem a unidade dos lutadores do movimento sindical, popular, estudantil e setores oprimidos: mulheres, negros, gays e lésbicas.

A organização das trabalhadoras é decisiva para fazer com que as mulheres tenham mais peso nas entidades e na liderança das lutas da classe, para conseguir que elas assumam as reivindicações das mulheres.

Nesse sentido, concordamos que é preciso lançar um Movimento Classista de Mulheres, o qual fortalecerá a pressão por um trabalho especial e especifico sobre as mulheres nas entidades (através de secretarias de mulheres) e na sociedade.

Esse movimento terá de organizar trabalhadoras de todas as categorias e de outros setores da classe, da juventude, “donas de casa”, companheiras dos operários etc. E, além de organizar as mulheres para lutar por creches, salário igual, combater a violência, o assédio sexual e moral, legalização do aborto, poderá ser um instrumento que abra espaço para as mulheres nas diretorias de sindicatos, entidades estudantis e as transforme em verdadeiras lideranças.

Um movimento classista servirá para que os boletins sindicais, ao invés de reproduzir o machismo, o combata. Servirá para que, nos sindicatos, as mulheres não se sintam constrangidas e possam ajudar a mobilizar outras mulheres contra a opressão e a exploração.

Um movimento classista de mulheres da Conlutas será eficaz para combater as organizações governistas no movimento, que não batalham até as últimas conseqüências pela libertação da mulher. Esta é a forma que permitirá separar as mulheres trabalhadoras das mulheres da burguesia e do governo.

O sucesso do 8 de Março alternativo, em São Paulo e o próprio Encontro, demonstram que um Movimento de Mulheres da Conlutas tem espaço e capacidade para ser referência e alternativa às organizações que foram para o lado dos governos e dos patrões.

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