Intervenção na Cipla mostra que Lula e CUT estão contra os trabalhadoresNa manhã do dia 31 de maio, os operários da Cipla – Fábrica sob controle dos trabalhadores em Joinville (SC) – foram surpreendidos por um operativo de mais de 100 homens da Polícia Federal, cumprindo um mandato da Justiça Federal interposto pelo INSS.

Há quase cinco anos os operários da Cipla, juntamente com a Interfibra também de Joinville e a Flaskô de Sumaré, vêm lutando brava e exclusivamente com suas próprias forças para garantir seus empregos e direitos. Depois de um processo muito duro contra os patrões que foram expulsos da fábrica, os trabalhadores controlam diretamente a produção e encampam uma grande campanha pela estatização da empresa. Desde então os mais de 800 trabalhadores da fábrica experimentam cotidianamente ataques que ameaçam fechar fábrica. De leilões de maquinário a penhora de faturamento, as medidas que tentam intimidar e inviabilizar a luta pela manutenção dos empregos são diversos. Mas os trabalhadores resistem com toda o empenho de grandes lutadores.

Há quatro anos os trabalhadores sabem que a “estatização não está no cardápio” de Lula, como ele mesmo disse em reunião com os trabalhadores em junho de 2003. O que há de bom no cardápio de Lula é servido para os banqueiros, para grandes os empresários, para as multinacionais e para os latifundiários: a reforma da previdência, o superávit fiscal, o Supersimples, leilões de poços de petróleo e privatizações através das PPPs, isenção de impostos e refinanciamento de dívidas gigantescas, financiamento camarada para monoculturas, liberação de transgênicos. Ao contrário e no mesmo cardápio de Lula é servido fel aos trabalhadores brasileiros: arrocho salarial, proibição de greves de servidores públicos, morte de trabalhadores no campo seja por exaustão no trabalho seja por assassinato, reforma trabalhista para retirar direitos.

A CUT tenta proteger o governo de todas as maneiras, freando as lutas dos trabalhadores. Várias categorias já sabem que a CUT está atrelada a esse governo. A última prova disso foi tentar transformar o dia 23 de maio, Dia Nacional de Luta Contra as Reformas, em apenas um dia contra a derrubada do veto da Emenda 3.

Pois a CUT também vem sugerindo que as fábricas ocupadas assumam as dívidas dos antigos patrões, formando cooperativas, como fez com várias outras fábricas falidas. A CUT não está disposta a defender a qualquer custo as reivindicações dos trabalhadores da Cipla/Interfibra/Flaskô, nem através de campanhas nacionais e muito menos com ação direta.

Se o governo federal estivesse ao lado dos trabalhadores, poderia ter impedido a ação do INSS ou mesmo estatizado as fábricas, como sugeriu o superintendente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) em 2005. Também a CUT há quase cinco anos poderia ter iniciado uma forte campanha para o salvamento dos direitos e dos postos de trabalho. Mas esse não é o caso. Ao contrário, a posição de Lula e da CUT é uma soma de omissão e ataque aos direitos da classe trabalhadora.

O que está sendo esboçado com essa intervenção é o fechamento da fábrica com a perda de mais de 800 empregos e sabemos quem pode ser responsabilizado. A luta pela estatização da Cipla/Interfibra/Flaskô e a defesa de seus direitos deve continuar de forma intransigente, por isso somos todos solidários aos trabalhadores das fábricas ocupadas.

ACESSE:
mandato da Justiça Federal