Secretaria Nacional LGBT
No dia 26 de junho, o PSTU realizou a Plenária LGBTI com a participação de militantes e simpatizantes, além daqueles e daquelas que querem conhecer uma alternativa revolucionária de combate às opressões. Estiveram presentes cerca de 170 pessoas na sala do Zoom, e mais de 1.800 acompanhando pelo Facebook e Youtube.
Na plenária, tivemos a participação de convidados internacionais representando as lutas recentes, assim como participantes de todos os cantos do país, expressando as dificuldades cotidianas fruto da LGBTfobia e a resistência das LGBTIs.
Os debates giraram ao redor da necessidade de ir além de uma luta identitária, por espaço ou empoderamento, da necessidade de unirmos toda a classe trabalhadora contra a opressão e exploração e da necessidade imediata de derrubada do governo Bolsonaro.
Lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, transgêneros, travestis, não-bináries, terminaram a plenária com um manifesto que propõe uma saída socialista e revolucionária, a construção de uma alternativa para nossa liberdade, passa pela construção de uma sociedade sem opressão e exploração. Fazemos um chamado para construir Stonewall nas ruas de novo, tendo como primeira tarefa a derrubada imediata do governo Bolsonaro; mas também construir uma alternativa de direção, ir muito além das falsas ou limitadas alternativas colocadas pelas atuais direções do movimento, sejam pós-modernas, identitárias, stalinistas, reformistas ou da libertação pelo empoderamento e consumo.
Leia abaixo nosso Manifesto! E venha construir conosco uma alternativa de organização para as LGBTIs com uma estratégia socialista e revolucionária, junto a classe trabalhadora do país.
Manifesto das LGBTI’s do PSTU
Lutar contra a LGBTfobia para unir nossa classe contra o capitalismo
Nós, LGBTIs da classe trabalhadora, nunca tivemos, em plenitude, o direito à igualdade e a viver livremente nossa orientação sexual e identidade de gênero no capitalismo. Este sistema nos nega os direitos mais básicos, como o emprego, o acesso aos serviços públicos de saúde, educação, moradia digna e até o direito de viver nosso amor sem sermos violentadas e assassinadas!
A pandemia aprofundou essas injustiças e desigualdades: fomos jogadas no desemprego e na miséria. Hoje, além do COVID, enfrentamos a pandemia das doenças mentais e da fome.
Bolsonaro é a face mais cruel do capitalismo. A ultradireita no poder fez retroceder conquistas históricas que arrancamos com muita luta, como o tratamento de referência e medicamentos gratuitos a pacientes soropositivos; não destinou um centavo sequer ao combate à LGBTfobia e apresentou o Projeto Escola Sem Partido. Bolsonaro e toda sua laia – Damares, o asqueroso Flávio Bolsonaro e outros setores reacionários do Congresso – incentivam o ódio às LGBTIs, às mulheres, negros, indígenas e imigrantes não simplesmente como uma “cortina de fumaça”, mas a serviço de impor seu projeto genocida e autoritário, pois as opressões dividem nossa classe.
Contudo, se a nossa existência já é uma resistência, diante dessa catástrofe social, não poderíamos nos calar e voltar para o armário. Pelo contrário, as LGBTIs tem tomado as ruas para botar pra fora Bolsonaro e toda sua corja! Estamos lado a lado da classe trabalhadora nas lutas do continente e em todo o mundo, como na Colômbia, Chile, EUA, Oriente Médio, Polônia, contra os ataques e desmando da ultradireita LGBTfóbica, mas também dos governos ditos progressistas.
É necessário impulsionar a unidade dos de baixo e das organizações de classe para derrotar a ultradireita já! Mas a unidade de ação para golpear juntos e mais fortes não significa repetir experiências como os governos de Lula e Dilma, que optaram por governar em aliança com nossos algozes, como Feliciano, a bancada BBB, em conciliação com a burguesia para administrar o capitalismo!
Queremos derrubar Bolsonaro, Mourão e Damares já, mas tampouco, as Luiza Trajano, Kamala Harris, Thammys, nos representam. Não nos esqueceremos que foi nos governos petistas que o PL 122, que criminalizava a homofobia, foi engavetado e o kit anti-homofobia nas escolas foi vetado!
Nas últimas décadas, as direções do movimento LGBTI, frustradas pela traição stalinista e influenciadas pela propaganda do fim da história e da classe operária, passaram a vender a ilusão de que seria possível superar a opressão sem tomar o poder, através de mudanças internas, novos padrões culturais e psicológicos.
O discurso queer, que parece ousado e busca abalar as mentes mais conservadoras, na verdade, ao não se propor a modificar as bases materiais dessa sociedade, mantêm as LGBTIs trabalhadoras reféns da ideologia burguesa. Se o discurso transformasse o mundo, nossa resistência seria inútil, pois o poder de difundir a ideologia dominante está nas mãos da grande burguesia e não na linguagem.
Assim, influenciadas por essa visão a maioria das direções do movimento LGBTI e os partidos da esquerda reformista e stalinista se limitaram a defender políticas identitárias, de empoderamento através do consumo e do empreendedorismo. Para nós, não basta eleger LGBTIs, empoderar algumas de nós enquanto a barbárie social assola as LGBTIs pobres.
Reconhecer toda a diversidade deve servir para nos unir numa só luta implacável contra a opressão e a exploração, não para dividir as lésbicas, bi, gays, trans e interssexo em trincheiras separadas onde só um determinado grupo oprimido pode falar por si e ser sozinho o sujeito de sua libertação.
A visão meramente identitária nos aprisiona nos limites que a classe dominante permite: lutar por migalhas, por cargos parlamentares, por espaço nas instituições podres desse regime! Eles temem que os oprimidos e explorados se unam para destruir o sistema capitalista.
Diferente do que prega o Manifesto do Nation Queer, nossos inimigos não são os heterossexuais. São os 1% de bilionários, banqueiros, as grandes empresas, inclusive as que se definem “friendly”, como marketing para atrair o mercado do “pink money”, mas no dia a dia superexploram as LGBTIs trabalhadoras, que em geral, estão nos postos de trabalho menos remunerados e terceirizados. Não nos serve o empoderamento de algumas às custas da exploração da maioria.
Seguimos resistindo pra existir. Não há trégua para nós. Mas sozinhas estamos limitadas e precisamos saber quem são nossos aliados. Há muitos outros setores oprimidos, como os indígenas, negros e negras, migrantes e todes aqueles que vivem sob um território ocupado ou não reconhecido, que não são LGBTIs, mas têm suas vidas marcadas pela opressão. E a luta por uma vida plena, por uma sociedade na qual tenhamos direitos e dignidade, passa por destruir o sistema de exploração que nos oprime. Isso só vai acontecer se nos aliarmos àqueles e àquelas que produzem tudo que existe no mundo: a classe trabalhadora. Essa é uma necessidade, sem a qual será impossível superar o sistema capitalista e construir uma nova sociedade, socialista.
Por isso, temos que resgatar o espírito combativo e radicalizado de Stonewall e fazer de novo uma rebelião das LGBTIs! Mas precisamos ir além, pois as conquistas que obtemos no capitalismo são limitadas, passageiras e podem retroceder a qualquer momento.
A libertação das nossas identidades e a possibilidade de vivenciar nossa sexualidade plenamente só será possível destruindo as bases dessa sociedade dividida em classes, em que a burguesia se aproveita e reproduz a opressão para superexplorar as LGBTIs e dividir a classe trabalhadora. Por isso, precisamos ganhar os héteros da classe trabalhadora para defender as nossas bandeiras, para lutar junto conosco contra o capitalismo!
Para unificar os trabalhadores em toda sua diversidade e identidade de gênero é necessário combater a LGBTfobia e toda forma de opressão, inclusive dentro da nossa classe, pois nossa missão histórica é uma só: explodir este sistema de opressão e exploração e construir uma sociedade socialista!
- Contra a LGBTfobia! Nossas vidas importam! Por vacina, emprego e auxílio!
- Contra o Projeto Escola sem Partido, pela retomada do programa de gratuidade do tratamento de pacientes soropositivos, por educação sexual nas escolas e criminalização real da LGBTfobia!
- Organizar as LGBTIs, em comitês de base, colunas nos atos, junto a classe trabalhadora, para botar pra fora Bolsonaro, Mourão, Damares e toda sua corja!
- Façamos Stonewall de novo e vamos além: lutar contra a LGBTfobia, contra o capitalismo e por uma sociedade socialista!