Em 2000, o governo FHC (PSDB) entregou 30% da Refap (Refinaria Alberto Pasqualini) à multinacional Repsol-YPF, através de uma troca de ativos que transformou a refinaria em uma empresa de capital misto subsidiária da Petrobras. Desde então o movimento tem lutado pela estatização da Refap.
Agora uma negociação entre a Petrobras e o grupo Repsol-YPF acaba de alterar a estrutura societária da maior refinaria de petróleo do sul do país, cujo faturamento anual supera os R$ 12,6 bilhões. A Petrobras, através de sua controlada Downstream Participações readquiriu os 30% do capital social da Refap. Com isso a Petrobras volta a deter 100% do controle das ações da Refap.
Direções sindicais governistas, ligadas a Federação Única dos Petroleiros (FUP), anunciam isso como parte da retomada da estatização, nada mais falso.
No acordo de dezembro de 2000 a Petrobras transferiu à Repsol-YPF: 270 postos da BR no Sul (2% do mercado brasileiro), 10% do campo Albacora-Leste (bacia de Campos-RJ) e a REFAP, em Canoas (RS). A Repsol-YPF passou a Petrobras ativos de distribuição e refino, entre eles: 12% do capital da Eg3 (Quarta empresa de refino e venda de combustíveis), 700 postos de combustíveis da Eg3 (12% do mercado argentino) e a Refinaria argentina de Baía Blanca. Cada empresa transferiu à outra ativos avaliados em US$ 500 milhões.
O atual valor da compra dos 30% da Refap é de US$ 850 milhões, sendo US$ 350 milhões referentes à participação acionária e US$ 500 milhões de dividas já consolidadas na Petrobras. Quer dizer, a Repsol embolsou, 10 anos depois, da Petrobras, 850 milhões de dólares por parte dos ativos que lhe foram passados à Petrobras por 500 milhões de dólares.
Em 2008 ela já havia vendido por US$ 55 milhões, toda a rede de distribuição de combustíveis a AleSat Combustíveis S.A., quarta maior distribuidora de combustíveis do Brasil, que passou a ter 4,6% do mercado.
Com isso Repsol ganha mais de 350 milhões de dólares e mantém (de quebra) parte do campo Albacora-Leste na bacia de Campos, onde está o Pré -sal.
A Repsol é uma das dez maiores petroleiras do mundo. A segunda petroleira no Brasil, detentora de 24 blocos petrolíferos na costa brasileira, 11 deles nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo
Mas entrou em uma crise financeira razoável este ano. Em virtude das oscilações do preço do barril de petróleo no mercado internacional; o declínio da sua produção na Argentina; e fundamentalmente, pela “drástica contração” da atividade econômica na Espanha, fruto da crise econômica internacional.
Isso fez que a Repsol tivesse um decréscimo 57,4% do lucro líquido no primeiro trimestre deste ano. Ela mesma anunciou isso no site da comissão nacional do mercado de valores (CNMV) de Espanha. O endividamento total da Repsol aumentou para 5,4 bilhões de euros até março, um acréscimo de mais de 2 bilhões de euros em comparação com o valor de 2008.
Em 2009 o lucro líquido havia declinado para 516 milhões de euros (US$ 690 milhões), comparado com 1,21 bilhão de euros de 2008. A exploração e a produção de hidrocarbonetos diminuiu 7,9%, apensar do aumento no Brasil.
Com isso, desde 2007, a empresa vendeu estações de serviço, no Chile, Equador e Brasil por US$ 310 milhões, e as suas ações na refinaria de Manguinhos. Recentemente vendeu 40% de sua unidade brasileira para a China Petrochemical Corp (Sinopec), por US$ 7,1 bilhões. E agora ela, que detém 84% da YPF e espera arrecadar cerca de US$ 3 bilhões com a venda de uma participação de 20% nas Bolsas de Nova York e Buenos Aires. Já havia vendido 15,4% para o Grupo Petersen, gerenciado pela família Eskenazi.
Esta multinacional repete assim no Brasil, o mesmo que fez na Argentina. É a mesma petroleira que destroçou o meio ambiente com a extração do petróleo na Bolívia, Colômbia e Peru. E sonega impostos em toda parte.
Ao invés de ser expropriada sem nenhuma indenização, recebeu da Petrobras, por ordem do governo brasileiro 850 milhões de dólares, pagando por aquilo que era nosso
Por isso está ordem no dia a proposta de expropriação sem indenização de todas as companhias petroleiras que atuam no Brasil; a volta do monopólio estatal de petróleo e a necessidade de uma Petrobras e Refap 100% estatal