No dia 14 de outubro, o Ibope divulgou o resultado de uma pesquisa sobre as intenções de voto no referendo sobre a proibição do comércio de armas, que ocorrerá no próximo domingo, dia 23 de outubro, em todo o Brasil. O resultado aponta uma virada na opinião pública, que agora se volta majoritariamente contra a proibição. Segundo a pesquisa, 49% dos entrevistados pretendem votar Não à proibição, contra 45% que indicaram voto no Sim. Já 6% dos mais de 2 mil entrevistados permanecem indecisos.

A primeira pesquisa sobre o assunto foi a do CNT/Sensus, antes das propagandas terem iniciado na tv e no rádio. Ele mostrava uma grande vantagem para o Sim. Apesar disso, a grande maioria dos entrevistados pelo Ibope, cerca de 85%, diz que não mudou de opinião após a veiculação das propagandas, contra 12% que dizem ter mudado de opinião.

Entretanto, a própria Rede Globo percebeu que não dava mais para ocultar o que estava sendo debatido nas ruas de todo o país. A própria coordenação da campanha pelo Sim já sabia que estava perdendo nas intenções de voto mesmo antes do Ibope divulgar sua pesquisa. Tanto é que anunciaram na semana passada uma mudança no eixo político de sua propaganda televisiva, agora com um tom mais incisivo.

Os resultados do Ibope não são definitivos, pois ainda haverá uma semana de campanha e os números apontam para um empate técnico, de acordo com a margem de erros, que é de 2,2%. Todavia, pôde-se perceber que a população está debatendo o assunto de forma mais intensa e que mesmo com todo tipo de manipulação e com o uso de astros televisivos na defesa do Sim, há uma forte adesão ao Não.

Auto-defesa dos trabalhadores
O fato de que a população está discutindo e opinando pelo Não, mas não está sendo influenciada pelas propagandas demonstra que o voto pelo Não também está refletindo um repúdio às posições da elite de ambos os lados, das frentes pelo Sim e pelo Não. As frentes possuem bandidos dos dois lados.

A propaganda pelo Sim faz seu discurso pacifista “a favor da vida”, mas não explicita suas reais intenções: manter nas mãos do Estado o monopólio da violência e da repressão. Colocaram vários artistas da Globo e fizeram uma propaganda simpática que esconde as reais intenções do Estado de tirar um direito dos trabalhadores, que serão os únicos desarmados.

A propaganda pelo Não também não expressa o lado da classe trabalhadora. A frente que ocupa o espaço pela defesa do Não é formada apenas por parlamentares de direita, como o PP de Severino Cavalcanti, e financiada pela indústria armamentista. A propaganda toca essencialmente na tese da defesa individual do cidadão contra o bandido.