Militante do PSTU e ativista do MML foi assassinada junto a seu filho em 2014

No dia 8 de junho foi realizada em Recife (PE) a segunda audiência da primeira fase do julgamento do assassinato da militante do PSTU e ativista do movimento sindical e feminista Sandra Fernandes e de seu filho, Icauã. Ambos foram brutalmente assassinados a facadas em fevereiro de 2014 em Olinda por Marcos Aurélio, ex-companheiro de Sandra. Marcos foi preso em flagrante.

Na audiência estavam previstos os depoimentos de dois vizinhos e do assassino, mas acabou sendo ouvida apenas a vizinha de baixo de Sandra, Dayse. Ela havia sido citada por outro vizinho na audiência anterior.

Dayse afirmou que havia conversado com Sandra pouco antes do crime, pois Sandra havia pedido um fósforo emprestado. Pouco depois, a vizinha ouviu gritos do garoto Icauã vindo do apartamento de Sandra: “Marcos cadê minha mãe? Por que você fez isso com a minha mãe?”. A vizinha então gritou por Sandra e o filho e disse que ia chamar a polícia. Nesse momento, segundo o depoimento, o assassino apareceu na janela com a faca e sujo de sangue e a ameaçou. Mesmo assim ela chamou a policia.

Após chamar a polícia, Dayse ouviu a voz de Sandra, muito “fraca e sofrida”, dizendo: “Com meu filho não“. Esses elementos são novos no processo. Pouco depois, ela viu Marcos sujo de sangue e, junto com outro vizinho, encontrou os corpos dentro do apartamento.

Nessa audiência houve a presença de outro promotor que, diante do que ouviu, resolveu complementar a denúncia contra Marcos acrescentando agravantes aos crimes: violência doméstica, crime contra menor e ocultação da arma.

Falta ainda no processo um laudo chamado “perícia tanatoscópica das vítimas” (que o IML tem 10 dias de prazo para apresentar).

Com a complementação da denúncia, o assassino não poderia ser ouvido naquela audiência. Ele será ouvido no próximo dia 8 de julho.

Sandra presente!
Sandra Lúcia Fernandes tinha 48 anos e era diretora do Sindicato dos Profissionais de Ensino de Recife. Também era militante do PSTU e do Movimento Mulheres em Luta (MML). Sua morte é expressão da violência à mulher num país em que a cada 24 horas, 15 mulheres são assassinadas, ocupando o 7º  lugar no ranking da violência à mulher.

Seu exemplo de luta, porém, permanece, inspirando e fortalecendo a luta contra o feminicídio e toda forma de violência e opressão à mulher.

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